sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Estudantes de Bragança levam bens a famílias de Vila Nova de Poiares

Uma turma do Instituto Politécnico de Bragança pôs literalmente em prática o sentido do curso de Serviço Social e Desenvolvimento comunitário para ajudar famílias afetadas pelos incêndios.
Depois dos incêndios de 15 de outubro, os alunos pensaram na sala de aula o que poderiam fazer pelas pessoas mais afetadas pelos fogos. Se o pensaram, mais depressa o fizeram. Durante quase mês e meio, fora do tempo de aulas e aos fins de semana, começaram a angariar bens que, na passada quarta-feira, entregaram a 15 famílias de Vila Nova de Poiares.
Para isso, alugaram, com a ajuda da Escola Superior de Educação, um autocarro. Com a parte da bagageira completamente lotada com louças e peças mais pesadas foi preciso colocar muitas coisas na parte de cima, literalmente em cima dos assentos. "Alugámos um autocarro de 55 lugares para levar tudo e para nos levar a nós também", diz entusiasmado João Ferreira, um dos alunos.
Uma ideia que surgiu na sala de aulas, acrescenta. "Na unidade curricular de problemas contemporâneos em que estávamos numa discussão para ver quais eram os problemas sociais que afetavam, neste momento nosso país, foi na altura de outubro, dos incêndios e então nós decidimos, enquanto turma e com está nos objetivos do curso fazer um projeto de ação social que fosse de encontro aos nossos objetivos. Fizemos algum trabalho de investigação para ver quais eram as aldeias afetadas e Vila Nova de Poiares foi a vila que se disponibilizou a receber os nossos materiais".
O estudante de Matosinhos adianta que falaram com mais câmaras mas as necessidades eram outras como materiais de construção ou alimentos para animais. Bens que eles não tinham capacidade para arranjar enquanto estudantes.
Cristina Fernandes, é de Lousada e aluna de Serviço Social, acrescenta que foram buscar os bens a vários sítios. "A Chaves, à Régua onde temos alguns alunos da turma e aqui em Bragança. Fomos para a rua e as pessoas disponibilizavam-se logo quando lhe dizíamos qual era o objetivo".
À medida que os sacos com bens de todo o tipo iam entrando no autocarro os lugares reservados para a turma começam a ficar em causa mas Cristina Cardoso, aluna do Peso da Régua diz que a turma vai toda. "Vamos todos os 15 elementos. Todos tomámos a iniciativa e vamos todos entregar os bens às quinze famílias que já estão identificadas pela câmara de Poiares, para ter a certeza que é mesmo tudo distribuído às pessoas certas".
Paula Martins é uma das professoras do curso de Serviço Social e Desenvolvimento Comunitário do Politécnico de Bragança. Ficou surpreendida com o empenho e organização que os alunos tiveram fora das aulas. "Foi um pormenor que eu não esperava. Eles próprios criaram um sistema de presenças, fora das aulas. Reuniam à noite para trabalhar, uma folha de presenças, reuniam para fazer os flyers, outra folha de presenças, ou seja foi um trabalho mesmo em conjunto".
A professora acrescenta que as quinze famílias estão bem identificadas. "Dez famílias que perderam totalmente todos os bens e mais 5 que perderam quase tudo. (Estes 15 alunos) estão a cumprir muito bem o sentido do curso. Fazia falta mais prática num curso que é muito teórico e eles cumpriram essa parte a 100%", termina.

Afonso de Sousa
TSF

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