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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Peniche e Bragança entre os destinos da colecção de pintura do Novo Banco

Pintura de Jean-Baptiste Pillement (1728-1808) dedicada ao naufrágio do navio espanhol San Pedro de Alcantara em Peniche deverá ir para o futuro Museu da Resistência e Bragança poderá receber algumas obras de Graça Morais.
Algumas das muitas pinturas da colecção do Novo Banco já terão destino previsto: uma pintura do paisagista francês Jean-Baptiste Pillement (1728-1808) dedicada ao célebre naufrágio do navio espanhol San Pedro de Alcantara em Peniche deverá ir para o projectado Museu da Resistência, a instalar na Fortaleza de Peniche, e várias obras de Graça Morais irão muito provavelmente enriquecer o Centro de Arte Contemporânea que a Câmara de Bragança baptizou com o nome da pintora, instalado num edifício setecentista recuperado e ampliado pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura.

Duas decisões que não estão ainda fechadas, mas que, a concretizarem-se, reflectem o que se poderá esperar do acordo que a administração do Novo Banco, presidida por António Ramalho, e o Estado português firmaram no sentido de permitir a fruição pública das colecções de pintura, fotografia, livros e moedas que pertenceram ao extinto BES. Como já aconteceu com a pintura setecentista Entrada solene, em Lisboa, do Núncio Apostólico Monsenhor Giorgio Cornaro, para a primeira audiência do Rei D. Pedro II, cujo depósito no novo Museu dos Coches foi formalizado na segunda-feira, a lógica será a de tentar distribuir estas peças por diferentes museus e outras instituições, procurando cobrir o mais possível as várias regiões do país. Uma estratégia que responde aos intuitos de “desconcentração” assumidos pelo Governo e, simultaneamente, ao implicar protocolos diferidos no tempo com múltiplas instituições, assegura ao Novo Banco, hoje propriedade do fundo norte-americano Lone Star, vários momentos de visibilidade enquanto mecenas das artes.

Ao contrário da prestigiada colecção de fotografia, que não deverá ser dispersada – como o PÚBLICO noticiou, estará a ser negociado o seu depósito no Convento de S. Francisco, em Coimbra –, o acervo de pintura é menos orgânico, abrangendo períodos e estilos muito diversos, e está a ser estudado por uma equipa que deverá sugerir ao Ministério da Cultura em que instituição cada uma das obras se poderá encaixar com pertinência, de acordo com afinidades de diversa natureza.

Na provável entrega da tela de Pillement ao Museu da Resistência, o critério terá sido sobretudo a proximidade geográfica do museu com o local representado na pintura. Mas o San Pedro de Alcantara – cujo naufrágio, contra as rochas da Papoa, em Peniche, ocorreu há exactamente 232 anos, na noite de 2 de Fevereiro de 1786 – até tem ligação ao tópico da resistência, já que transportava um bom número de índios peruanos que tinham participado na grande revolta inca liderada por Tupac Amaru contra a administração espanhola, incluindo o seu filho Fernando, um dos sobreviventes do desastre de Peniche, no qual perderam a vida 128 pessoas, das cerca de 400 que a embarcação transportava.

Mas o navio carregava também uma pesada carga (que terá contribuído para provocar o naufrágio) de vários metais preciosos, incluindo toneladas de prata e ouro, o que transformou o respectivo salvamento numa operação internacional muito divulgada na época. Essa circunstância ajuda a explicar o interesse de Pillement, que lhe dedicou vários trabalhos na última das suas estadias em Portugal. Dois desses quadros foram aliás adquiridos em 1987, num leilão da Sotheby’s, pelo então Instituto Português do Património Cultural, e posteriormente incorporados na colecção do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.

Além da pintura relativa a este naufrágio, a colecção do Novo Banco possui mais três telas do artista, uma profusão explicável pelo grande interesse pessoal que o coleccionador e mecenas Ricardo Espírito Santo (1900-1955), que dirigiu o BES até à sua morte, nutria por este pintor francês a quem a coroa portuguesa ofereceu o título (que Pillement recusou) de pintor real. 

Luís Miguel Queirós
Jornal Público

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