Muito perto das 2500 mil motas circularam por terras de Vinhais, naquele que é já um dos encontros motards mais estimados do interior norte de Portugal pelos amantes das duas rodas. Oriundos de uma diversidade de localidades tão próximas como Chaves e Bragança, mas de outras espalhadas pelos quatro cantos do país, os milhares de motards elogiavam, em Vila Boa, “região do fumeiro e de gente pura e verdadeira”, a organização, o “bem beber” e o “bom comer”, o convívio amigo e, sobretudo, o saber receber. E tão conceituado se tornou este encontro que veio, inclusive, um motard do sul de França propositadamente para marcar presença em Vila Boa, graças, de acordo com o próprio, à consideração que nutre por Hélder do Vale, o presidente da Associação Motard de Vila Boa e o mentor do sucesso por detrás deste evento. “Posso confirmar que vim hoje, arranquei de França às cinco de manhã e cheguei aqui às cinco da tarde”, começou por contar António Dias, vindo diretamente de Bayonne na sua Harley e percorrendo, assim, sozinho, qual lobo solitário, 700 quilómetros. “Vim de mota para ver aqui o nosso presidente deste clube que vai durar muitos anos, merece todo o nosso respeito, pois já fez muito mais em dois anos do que muitos que andam por aí há mais de dez anos”, frisou o motard, nascido em Murça, mas emigrado há quase meio século.
Mas comecemos pelo princípio. Logo no primeiro dia e, apesar de ser sexta-feira 13, o Encontro Motard de Vila Boa não poderia ter começado melhor com o porco no espeto à espera das centenas de motards e uma festa da espuma com dj até altas horas da noite.
No dia seguinte, por volta das 16 horas, teve lugar a já célebre gincana de “cinquentinhas”. E com o calor a tomar todos de assalto, enquanto as cervejas rolavam, já para não falar dos pratos com enchidos e queijo que iam passando gratuitamente entre a multidão, uma oferta da responsabilidade da organização, o final da tarde foi brilhantemente finalizado com a atuação dos irmãos Rebelo. Filipe e Carlos, mestres das acrobacias, em quatro e duas rodas, respetivamente, avançaram pela reta em pleno asfalto dando ao encontro motard o toque que faltava com o espetáculo de freestyle a roubar todas as atenções para si.
Ao jantar, a opinião dos motards era unânime, comida em quantidade e, mais importante, em qualidade, com carne, vinho e fruta de discrição. Depois do manjar dos deuses, o passeio noturno serviu, não só para cumprimentar os habitantes da aldeia num bonito gesto de agradecimento como, também, para ajudar à digestão.
Por volta da meia-noite, o grupo Banda Vaga Nova subiu ao palco, num clima de festa brava, aquecendo as hostes para um dos momentos mais aguardados da noite, o show erótico de striptease que tanto pneu queimou na assistência.
Encontro Motard cobre os vinhaenses de orgulho e destaca-se como um dos melhores do interior norte do país
“Estou muito satisfeito, não contava com tanta gente, passaram-se duas noites espetaculares, as pessoas divertiram-se e, graças a Deus, correu tudo bem”, sustentou o presidente da Associação Motard de Vila Boa, que frisa o “excelente trabalho” e a “ajuda fundamental” dos seus “incansáveis colaboradores”, prometendo continuar com este encontro que já é um êxito reconhecido cá dentro e lá fora. “Vai continuar e com melhores condições porque, para já, são mínimas, mas o caminho é para a frente”, garante Hélder do Vale, mais conhecido entre amigos como Lexinho.
“As pessoas vêm aqui porque já me conhecem de há muitos anos que eu faço as concentrações de norte a sul do país e no estrangeiro”, confidenciou o responsável máximo, recordando o amigo que veio de França e outros que vieram de clubes espalhados pelo território nacional. “É o convívio que a gente vive aqui, o à vontade, o conforto, a amizade, aqui é diferente porque as pessoas aqui sentem-se como se estivessem em sua casa”, descreve Lexinho, destacando, ainda, a importância do ambiente natural que rodeia todo o encontro.
Também a presidente da Junta de Freguesia de Vila Boa de Ousilhão, demonstra estar bem ciente da importância deste tipo de eventos que em muito contribui para o desenvolvimento e dinamização das aldeias do interior e, mais importante ainda, para não caírem no esquecimento. “Sem dúvida que estas iniciativas são muito boas, pois promovem a nossa aldeia, já que vem sempre gente de fora, que fica a conhecer Vila Boa e que, depois, regressa nos anos seguintes, mas o principal é mesmo o convívio com os amigos”, sustenta Sónia Afonso, ainda no primeiro ano do seu mandato, mas que já se prepara para o triplicar da população no próximo mês, devido à vaga de emigrantes que regressa às origens para passar as suas “tão merecidas férias” e para viver as festas a 16 de agosto na sua aldeia. Uma altura em que dos 120 residentes, Vila Boa passa a contar com quase 400 habitantes, ainda que a grande maioria, “infelizmente”, esteja só de passagem.
GALERIA FOTOGRÁFICA
Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com
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