O sindicato garante que a empresa é viável, e atribui o estado de insolvência a erros de gestão, porque a Sousacamp produz muito, bem e com qualidade.
O Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos de Portugal (SINTAB) está preocupado com o processo de insolvência do Grupo Sousacamp, uma empresa que produz cogumelos, com sede em Benlhevai, Vila Flor.
No início do ano a empresa viu-se num processo de insolvência e foi nomeado um novo administrador.
No entanto, segundo José Eduardo Andrade, dirigente da zona Norte do SINTAB, neste processo ocorreu um erro que fez com que o sócio maioritário voltasse a gerir a empresa.
“O processo de insolvência sofreu um erro de procedimento, porque o Tribunal de Bragança cometeu um erro processual e o processo voltou atrás. Durante cerca de um mês, pelo menos, a empresa voltou a ser gerido pelo sócio maioritário. Foi apenas um erro processual. Mas agora a empresa já se encontra de novo no processo de insolvência”, referiu José Eduardo Andrade.
São 300 trabalhadores da sede e das filiais localizadas em Mirandela, em Paredes, Vila Real e Sabrosa. O SINTAB expressa "a sua enorme preocupação face à incerteza dos postos de trabalho dos trabalhadores”. O contrato colectivo de trabalho não foi cumprido. José Eduardo Andrade destaca que existe um aproveitamento da situação para não corrigir as denúncias laborais.
“Foram verificados problemas relacionados com o não cumprimento da contratualização colectiva do sector. Problemas relacionados com o pagamento de horas extras, com a aplicação arbitrária de um banco de horas, que não está previsto na contratação colectiva, pelo menos da forma que a empresa o está a fazer. Está a ser feito de uma forma abusiva. Outro problema que se destaca é a falta de condições de trabalho. Neste momento, corremos o risco que de há aqui um aproveitamento do parte do empregador da situação para não corrigir essas situações”, denuncia o dirigente da zona norte do SINTAB.
O SINTAB pede a intervenção das autarquias, do Ministério da Economia, do Trabalho e da Solidariedade e Segurança Social. O dirigente destacou que a Sousacamp é viável.
“De uma forma clara, atribuímos esta situação a erros de gestão. Está à vista que a empresa é viável. A empresa produz muito, bem e com qualidade. Existe uma carteira rica de clientes suficiente para escoar os produtos e com capacidade para mais. É por aqui que se baliza a nossa posição” destacou José Eduardo Andrade.
A Sousacamp entrou em processo de insolvência, quando o BES faliu. O Novo Banco passou a ser o maior accionista e cortou o financiamento à empresa de produção de cogumelos, e o grupo recorreu ao PER-Processo Especial de Revitalização, que também foi negado, entrando no processo de insolvência. As dívidas da empresa estão avaliadas em 60 milhões.
Artur Sousa é o fundador e detentor de 60,9% do capital da empresa e os restantes 39,1%, passaram a ser geridos pela Armilar Venture Partners, que é detida em 35% pela Sonae IM.
Escrito por Brigantia
Maria João Canadas
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