No terreiro de castelo de Bragança, um dos mais bonitos de Portugal, um espaço tem nome de tasca, mas é um restaurante com uma cozinha que enaltece a matéria-prima transmontana, trabalhada com saber e arte e apresentada com criatividade.
Erguido no topo de um morro, a 700 metros de altitude e defendido por uma cerca amuralhada com mais de meio quilómetro de extensão, o castelo de Bragança é um dos mais emblemáticos monumentos da cidade do Nordeste transmontano.
No vasto terreiro interior, a Domus Municipalis, exemplar único da arquitetura civil românica; a igreja de St.ª Maria e o pelourinho assinalam épocas distintas da história da cidade brigantina.
Transpondo a Porta do Sol, destaca-se, do lado esquerdo, o restaurante Tasca do Zé Tuga.
Construção de linhas simples; paredes pintadas a branco e uma agradável esplanada lateral. Outra, de menor dimensão - apenas duas mesas em madeira com bancos corridos - frente à porta de entrada aumenta capacidade da casa.
Nos dias soalheiros, ambas são convite irrecusável para contemplar o castelo, que alberga o muito visitado museu militar, e a bonita torre de menagem com 34 metros de altura.
O interior do restaurante, que se divide por uma sala principal, uns degraus abaixo do nível da rua, e outra em plano superior -- é confortável e aconchegante. Ambiente com um toque de rusticidade, adequado a este espaço onde saltam à vista muitos produtos transmontanos.
À frente da casa, um ex-bancário e apaixonado pela cozinha, que revelou méritos e qualidades no concurso Masterchef. Luís Portugal é um transmontano empenhado na divulgação dos bons produtos da região, que trata com sagrado respeito pela sazonalidade.
Alguma da matéria-prima é confecionada na antiga escola primária de Paradinha, que comprou e adaptou a unidade de produção.
Criatividade, substância e apresentação esmerada definem a cozinha deste restaurante, sem que a se sobreponha aos sabores mais tradicionais.
O típico folar surge logo nas entradas, em que tiras de língua de vitela marinada com azeite do nosso e chutney de pimento começam por surpreender.
O falso corneto de sapateira, com caril, chutney de pimento, maionese de cebola roxa, tomate, vinagre balsâmico e rebentos de alho francês revelou magnífica textura de sabores.
Boa nota para o caldo de couves com hortelã da ribeira, pimenta rosa e orégãos, que antecedeu um dos pratos icónicos: trufa de butelo (desossado) e casulas, com sementes de papoila e mel de castanheiro e urze a darem um toque especial.
Provaram-se ainda o lombelo de porco com batata da serra e legumes, muito saboroso, e o naco de vitela, bastante suculento, a justificar a excelência da matéria-prima.
Nos vários menus de degustação destaque para o 1001 Maneiras do Chef, com o bacalhau - bolinhos, grão, pataniscas e caldo - no papel de protagonista.
As propostas de Trás-os-Montes incluem ainda canelone de alheira com cinco tomates, mas também há cuscuz de butelo, com lombinho de porco marinado.
Na carta de outono-inverno, sobressaem os pratos de caça - javali no pote; Perdiz à morgadinho da Paradinha; coelho frito com azeite -; os cuscuz de pombo, javali ou com carqueja e ainda o tradicional azedo, confecionado à Masterchef.
Um quarteto de saladas e a tomatada de atum tornam mais diversificada a escolha.
Para concluir em perfeita doçura, um chocolate com assinatura.
Boa garrafeira, com referências pouco habituais nos circuitos mais comerciais: os transmontanos Quinta das Cortiças branco e Holminhos tinto, fizeram harmonia perfeita com os pratos confecionados com rigor e muita paixão por um chef que é um excelente anfitrião na Tasca do Zé Tuga, em Bragança.
Onde fica:
Localização: R. da Igreja 68, 5300-025 Bragança
Telef.: 273 381 358
GPS:
Latitude: 41º 48" 12,89""
Longitude: 6º 44" 54,21"" W
António Catarino
TSF à Mesa
Número total de visualizações do Blogue
Pesquisar neste blogue
Aderir a este Blogue
Sobre o Blogue
SOBRE O BLOGUE:
Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário