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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

A HISTÓRIA DO SAPATEIRO POBRE

Era uma vez um sapateiro pobre, que nada tinha seu a não ser o pão do dia, que ia conseguindo com os pequenos arranjos em calçado que fazia e com outros serviços, como ripar sacos de folhas de negrilhos para dar aos animais dos outros. Um dia estava ele em cima de um negrilho a ripar folhas, quando se deu conta que três homens dirigiam-se na sua direcção, encaminhando-se para umas enormes fragas.
Os três homens ao chegar ás fragas pararam, falando um deles:
- Abre-te sésamo.
Espanto do sapateiro, quando viu as fragas a abrirem-se para os lados e os três homens entraram, passados poucos minutos, os indivíduos saíram voltando-se novamente para as fragas:
- Fecha-te sésamo.
As fragas voltaram a unir-se, de modo que ninguém desconfiou que ali havia algo de anormal. O sapateiro em cima do negrilho puxou por um papel escrevendo as fórmulas que acabara de ouvir. Quando os indivíduos se afastaram ele, movido pela curiosidade, foi tentar fazer o mesmo:
- Abre-te sésamo.
As fragas abriram-se e ele, ficou espantado com a riqueza que viu, meteu, então, no saco das folhas uma rasa de libras, pedindo depois ás portas para se fecharem.
Regressou a sua casa continuando com os seus afazeres do dia a dia, no entanto um vizinho rico não deixava de comentar o modo de vida daquele homem:
- Ó vizinho, estranho como leva a sua vida tão pobre e sempre a cantar! Levanta-se tarde, vai-se embora cedo …
Interrompeu o sapateiro:
- Sabe vizinho vale mais quem Deus ajuda do que quem muito madruga!
O seu vizinho rico desfazia-se a trabalhar, levantando-se cedo e fazendo grandes noitadas, nunca lhes apetecendo cantar. Ao lado da casa do pobre, o vizinho rico tinha grandes quintas com casas ao fundo. Um dia o sapateiro falou ao vizinho naquele prédio e ele pediu-lhe muito para o arrendar, mas o sapateiro queria-lo comprar, o homem ante esta proposta, olha o sapateiro de alto a baixo, e lança uma gargalhada. O sapateiro, pensando que não se tinha feito entender, repetiu:
- Eu preciso desta quinta diga-me quanto quer por ela? Eu compro-a.
O rico lançou para o ar um preço, que não sendo o valor real da fazenda, lhe pareceu que ia assustar o sapateiro, só que enganou-se porque o sapateiro saca de um grande valor de dinheiro e dá-lo ao vizinho:
- Pronto, negócio fechado, a quinta é minha. Vamos tratar de a pôr em meu nome.
O rico nem teve tempo de resposta, ficou vencido no conceito que tinha do seu vizinho sapateiro, este por sua vez sentiu-se mais rico e feliz que o vizinho rico. O sapateiro tratou em pouco tempo de construir uns celeiros grandes para recolher os cereais, estaleiros para os animais, uma pocilga para os porcos que iria vender e aves de capoeira. O resto da população andava admirado com o sapateiro pobre que comprou carros, tractores, toda a espécie de máquinas e quintas por aquelas redondezas. Mas de tanto investir, o dinheiro foi-se escasseando e o sapateiro pensou em voltar ás fragas para ir buscar mais dinheiro. Então, o sapateiro muniu-se com a sua caçadeira e dirigiu-se para as fragas, esperou que os três indivíduos chegassem, deixou que eles entrassem e colocou-se mesmo em cima das fragas, armando a coisa de tal modo que parecia que trazia consigo um batalhão de soldados.
Desviou com cuidado duas telhas e enfiou por lá os canos da espingarda, começando a dar ordens aos hipotéticos soldados para estarem atentos aos movimentos dos homens no interior do esconderijo. Ao ouvirem as ordens os indivíduos desorientaram-se, matando os três muito facilmente dentro do buraco. Desceu a casa a buscar a carrinha e na volta ordenou ás fragas:
- Abre-te sésamo!
Ali carregou o carro com tudo o que lá havia, agora rico não havia ninguém que pegasse nele. Em casa a mulher e as filhas ficaram admiradas com tudo aquilo, transformando-se a vida daquela família.

RECOLHA 2005 SCMB, CASIMIRO PARENTE, Idade: 66.
Localização geográfica: PAÇO DAS MÓS – ORIGEM + 60 anos.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

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