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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Um tempo passado, um tempo presente e um tempo que virá - 2ª PARTE

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")



Recomeçarei esta crónica partindo de um ano marcante para mim, 1970, que por imperativo de ordem militar me obrigou a deixar o relativo conforto do lar para cumprir com o "dever" de uma vez mais, aspas, aspas "defender a pátria".
Em Agosto deixei Bragança e rumei a Tancos. Num espaço temporal de 24 horas a minha vida mudou radicalmente. A instituição militar desde a primeira hora, foi para mim uma fonte de ensinamentos. Não me interessa discutir aqui conceções filosóficas nem políticas, mas tão só vivências e muito pela rama tentar enquadrá-las no meu entendimento e depois passá-las para letra redonda.
Chegado a 17 de Agosto ao R.C.P. e enquadrado em formatura, sou conduzido para o batismo destinado aos que ousavam querer servir nas fileiras dos "melhores”. A Barbearia onde entrei com cabelo e saí de cabeça lisa como um ovo foi o choque mais marcante de toda a minha vida. Foi o começo de um período de três semanas em que a dúvida de saber se aquilo era real ou um pesadelo não me deixou um momento. Mas, impercetivelmente foi-se insinuando em mim uma ideia nova de ver o mundo, onde a obediência à ordem estabelecida, era um sentimento que desalojou o antigo conceito abstrato de cidadania.
Ficaram em banho-maria os Sartre os Bertrand Russell e outros cujas ideias “civis” se tornaram discutíveis e deram lugar às referências recentemente lidas de Jean Larteguy e de Robin Moore em The Centurians do primeiro e em Green Berets do segundo. 
O que se passou nos três anos seguintes foi a constatação de que um país é muito mais do que a soma de todas as localidades e estradas que o compõem, é o somatório do passado, do presente e do futuro, mais o sentido coletivo do seu povo, onde a paisagem e a língua são o cimento que metaforicamente segura esta construção tangível e ao mesmo tempo abstrata.
Havia cerca de 120 000 homens servindo as Forças Armadas e havia 3 frentes de Guerra separadas entre si e do Continente onde estava sedeado o Comando que geria a logística desta tarefa demasiado complexa para que se considerasse realista continuá-la dados os custos em financiá-la e em persistir na ideia indesmentível de que cada soldado português caído em solo africano, causava uma descrença nos líderes políticos e nos comandos militares que seria patetice continuar a apoiar.
Foi longo e marcante o tempo deste desconstruir do Império e recomeçar a edificação do país que continuava em persistente estado de adiamento e longe da concordância com os seus pares da Europa e do resto do Mundo.
Por tudo isto se chegou ao Golpe Militar de 25 de Abril e à consequente retirada de África, com o cortejo dos Retornados, que foram humilhados e regressaram com uma mão atrás e outra à frente, depois de quinhentos anos de permanência constante. Não é minha intenção esmiuçar o tempo e os acontecimentos, tão só referir que a Revolução, derrotados os homens que se propuseram prolongar o PREC, o pouco digno de referência é a aceitação pela C.E.E. da adesão de Portugal no clube dos países "ricos" e desenvolvidos. Historicamente havia um atraso no tempo, da nossa capacidade de acompanharmos o progresso que os outros europeus usufruíam quase simultaneamente e nós precisávamos de uma eternidade para podermos ter os visíveis avanços da ciência. De referir também como muito positivo a criação do S.N.S., a democratização do Ensino e a revogação de leis anacrónicas, como a de considerar os géneros desigualmente, e a supressão de burocracias e abusos de poder nas fronteiras nacionais. 
E seguidamente chegou o tempo de agora. É imperativo fazer uma análise, fria, desapaixonada e racional ao estado de direito que governa Portugal. O cidadão comum é pura e simplesmente a entidade que paga as loucuras, a corrupção, a falta de respeito e a impunidade de um certo grupo alargado de políticos, juízes e autarcas que se servem do que é do povo em benefício próprio sem que as polícias e os tribunais façam o seu dever sagrado que todos juraram cumprir. O de acusar, julgar e de condenar os ladrões, os corruptos e todos, mesmo todos, os que se concluiu que não cumprem com as leis da nação só porque alguém lucra com isso e a ganância se sobrepõe à contenção e à probidade.
Temos que restaurar a justiça baseada no senso comum do povo, fazer leis que não diferenciem grupos de cidadãos positivamente, quando o resto da população sofre a mão pesada da justiça, só porque não tem dinheiro para "comprar" alguns agentes do Estado e da Justiça que os ajudam a esconder provas, recorrer de sentenças vezes infindas até que os prazos se esgotam e são libertados do incómodo de terem que dar mais dinheiro e aturarem a "ralé" que serve a justiça e que eles pensam serem seus inferiores na escala social por eles imaginada .

Amanhã escreverei a 3a parte desta crónica.




Londres, 05 de Dezembro 2019
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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