Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 7 de novembro de 2020

APRENDER PORTUGUÊS COM O EÇA

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Não sou filólogo nem purista, nem sequer escritor. Limito-me a ser modesto cronista, e deixo fugir – para minha vergonha, – calinadas, que muito me desgostam.
Consolo-me, porém, ao reconhecer, que muita boa gente – de elevado grau académico, – incorre, também, em crassos erros de palmatória.
Vem o preâmbulo a propósito de escritores consagrados, reconhecidos pela crítica, como excelentes prosadores, que apresentam, involuntariamente, em romances e ensaios, graves erros gramaticais.
Escritores, soberbos estilistas, como foi o extraordinário Eça de Queiroz, pecaram e pecam por enxamearem as obras de: galicismos, anglicanismos e neologismo, inconcebíveis.
Acabo de folhear: “ Falar e Escrever”,vol. II de Cândido de Figueiredo, e deparo com a pergunta formulada por menina (senhora?) do Rio de Janeiro, dizendo que Eça escreveu nos “Maias” a frase: “gochemente dissimulado na sombra” e interroga sua opinião.
O conhecido filólogo, comenta:
Se fosse apenas neologismo! Mas é um galicismo descarado e absolutamente inadmissível. Como advérbio de modo pressupõe o adjetivo goche, que nós não temos, não precisamos nem teremos, enquanto nos ufanarmos de falar português.
“ Não há ninguém que não admire o formoso talento do autor de “Os Maias”, e a imaginação, mas, realmente, se Lulu quer estudar a língua portuguesa, nos livros de Eça de Queirós, dou-lhe os meus sentimentos, porque nunca saberá
O bom português encontra-se em escritores, como: Camilo e Castilho, e em numerosos e respeitados prosadores brasileiros e portugueses.
Acerca de Camilo, Vasco Botelho do Amaral, in: “Glossário Critico de Dificuldades da Língua Portuguesa” diz: “A linguagem de Camilo é riquíssima de valores expressivos (…) Em todas as páginas revela o Mestre o diligente estudo a que se consagrou, auscultando os dizeres das bocas populares e investigando nos clássicos, documentos ignorados, mas de inestimáveis riquezas idiomáticas. Junte-se a isso o extraordinário génio verbal e estilístico do escritor, e como resultado nos apresentará a admirável vernaculidade da língua de Camilo
O português do Brasil, apesar de tentativas infrutíferas de “criarem” uma língua, e haver sofrido influência do tupi, quibundo e dialetos africanos, além de vocábulos de línguas europeias, continua, com alguns baldões, a ser respeitada pelos consagrados prosadores do Brasil.
Porém, bom seria – penso eu, – que neologismos importados, só fossem introduzidos, após escutarem os países de língua portuguesa.
É o caso, entre outros, dos telefones móveis: celular num, telemóvel noutro, se pretendemos, que os da Comunidade da Língua Portuguesa, se entendem entre si.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário