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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 28 de novembro de 2020

O que procurar no Outono: o alecrim

 Numa das minhas pesquisas recentes sobre uma espécie muito comum e que se encontra atualmente em flor nas nossas florestas e jardins, fui surpreendida com uma nova classificação científica.

Foto: Carsten Niehaus/WikiCommons

O Alecrim, classificado anteriormente como Rosmarinus officinalis, é afinal um parente próximo das Sálvias e o seu nome científico atual é Salvia rosmarinus.

Esta nova classificação ocorreu devido aos resultados obtidos por um grupo de investigadores que, ao analisarem e ao compararem as sequências genéticas de ADN do género Rosmarinus com as do género Salvia, verificaram muitas semelhanças entre os dois géneros que não justificavam a separação.

Na classificação atual das espécies, o nome científico de uma determinada planta é composto por duas partes: o seu género e o restritivo específico. O género agrupa de uma forma clara os indivíduos que apresentam um conjunto de características morfológicas, funcionais e genéticas bem definidas e semelhantes. O restritivo específico é que permite classificar a espécie dentro do género. Este último deve acompanhar sempre o nome do género, pois isolado não tem qualquer significado. 

O alecrim
O alecrim já pertencia à mesma família das Sálvias, Lamiaceae, no entanto, a diferença que existia entre os estames das flores das duas plantas, fazia com que estivesse num género diferente. A evolução dos conhecimentos científicos permitiu comprovar que essa diferença não era o suficiente para as considerar plantas distintas, levando a classificá-lo como uma espécie do género Salvia. 

É uma planta arbustiva perene, muito ramificada e lenhosa, que pode atingir até 2 metros de altura. De folhagem persistente, as folhas são pequenas, finas, coriáceas e são verde-escuro e brilhante na página superior e verde-acinzentada na página inferior. As flores agrupam-se em espigas terminais e apresentam cor azulada, por vezes rosada ou branca. A floração ocorre ao longo de todo o ano, sendo mais intensa entre dezembro e maio.

Foto: KENPEI/WikiCommons

Toda a planta é aromática, exala um aroma balsâmico canforado, fresco, herbáceo e doce. E é devido a esta característica aromática e à cor das suas flores, que esta planta que crescia junto das praias do litoral, que os romanos a denominavam como rosmarinus, que em latim significa “orvalho do mar”. A cor azulada das suas flores e o agradável aroma fresco que a planta libertava estavam associadas ao orvalho que se formava junto do litoral.

Alecrim do monte
O alecrim é uma planta nativa da região mediterrânica e pode encontrar-se por todo o país, preferencialmente em zonas de matos, pinhais, azinhais e terrenos incultos. Cresce bem em solos secos e pobres, bem drenados e permeáveis, preferencialmente em terrenos calcários. Prefere locais com uma exposição solar plena, é tolerante ao frio do inverno, ao vento e às geadas. É bastante resistente a períodos prolongados de seca no verão.

Quem não se recorda da música tradicional portuguesa: “Alecrim, alecrim doirado que nasce no monte sem ser semeado…”, homenagem ao alecrim, pela sua resistência e capacidade de adaptação.

Curiosidades e utilizações
Com elevado interesse ornamental, o alecrim é muito comum em jardins mediterrânicos. É um tipo de arbusto de fácil cultivo, com grande tolerância à seca e muito resistente a pragas e doenças, não necessitando de cuidados frequentes.

Foto: Stickpen/WikiCommons

É uma planta aromática com múltiplas aplicações que passam pela culinária, medicina, aromaterapia, fitoterapia, cosmética, etc. As suas flores são ricas em pólen e néctar, o que a torna uma planta melífera muito procurada e apreciada pelas abelhas, que produzem um mel de elevada qualidade.

Os nomes comuns das plantas levam muitas vezes a algumas confusões. Os ingleses conhecem o alecrim como Rosemary. Em Portugal também é vulgarmente conhecido como rosmaninho e é muitas vezes confundido com outras espécies, nomeadamente o rosmaninho (Lavandula stoechas), que é um termo usado em algumas regiões do país para denominar a alfazema. No entanto, estas duas espécies são morfologicamente bem diferentes, em particular na forma e na coloração e inserção das flores.

A diversidade biológica impõe a necessidade de alguma organização para que se possam conhecer as diferentes espécies de plantas, animais, fungos, etc. Dentro de cada um destes grupos a organização torna-se ainda mais particular e específica. É necessário encontrar semelhanças genéticas, morfológicas, funcionais, entre outras, que permitam agrupar os indivíduos com características pelas quais se assemelham entre si, em pequenos grupos até à espécie, o que irá permitir distingui-los das restantes espécies. A espécie agrupa indivíduos muito semelhantes, capazes de se cruzarem entre si, de se reproduzirem e de gerarem descendência fértil. 

Lembrem-se, da próxima vez que se cruzarem com um alecrim, que o nome comum da planta permaneceu inalterado, mas que estão perante uma Salvia rosmarinus em vez de um Rosmarinus officinalis.

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