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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O que a vida me deu – 3ª PARTE

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Para se preencher o espaço que existia entre a última porta da Farmácia e a parede lateral que é da casa do Ricardo Fotógrafo, hoje fechada, construíram um Quiosque em madeira, maneirinho, ao qual o povo logo nomeou de Quiosque do Guedes.
Vendiam-se lá jornais, cigarros e toda a parafernália de artigos de uso individual como pentes e corta-unhas.
Mas o meu fascínio pelo dito era porque ali se vendiam cromos retratando jogadores de futebol. Na saga dos meus anos de garoto preenchi com figuras colecionadas a partir da compra de rebuçados que traziam os "Caramonos" da Bola, algumas cadernetas mas nunca consegui completar, uma só que fosse.
A esposa do Senhor Guedes era quem tomava conta do negócio que dizia respeito ao Quiosque e tenho dela uma recordação vivida e grata pois me ajudava com palavras de sabedoria na tarefa de preencher a caderneta e não gastar os meus parcos recursos, no que seriam apenas repetições pois que o "Número da Bola" só sairia quando calhasse a ocasião adequada. E qual era a dita ocasião? Perguntava eu, respondendo-me ela que me informaria logo que se apercebesse, já que estava alerta. Nunca chegou a ocasião pois que entretanto eu fui ao Quiosque do Costa (Exposto) junto ao Liceu e por acaso o tio Exposto acabava de arrancar o rebuçado que continha o "Número da Bola" que estava colado no fundo da lata dos rebuçados, entregando-o a um garoto do Liceu que devia ser bom cliente.
Tomei o facto como sendo afinal o que a mulher do Guedes me tentou fazer compreender e eu ingénuo não consegui concluir. Terminava para mim a saga dos "Caramonos" e passados uns anos passei a ir ao Quiosque do Guedes comprar a Revista da Editora Abril, Selecções do Readers Digest, que ela fazia o favor de guardar até ao dia em que eu conseguia os 2$50 para a sua aquisição.
O Snr Guedes era quem mais fama tinha de vender a Sorte Grande, o que sucedeu algumas vezes. Nunca lhe saiu a ele mas fez algumas pessoas felizes.
Ligado indelevelmente ao Quiosque do Guedes e por consequência às minhas memórias está a figura do "Chico Brôa", meu vizinho da Caleja e ardina de profissão. Irmão da Misericórdia, tinha como missão juntamente com o Zé Sarrafo, de fazer soar as matracas na Procissão do Senhor dos Passos. 
Quando subia a Almirante Reis com o saco dos jornais a bater-lhe no traseiro, os garotos gritavam-lhe: -Ó Chico, olha a Bola  e ele que nunca dizia palavra, apenas movimentava o pulso direito que estava seguro pela mão esquerda e sem se voltar fazia o manguito em vez de dizer, Vai-te F**** !
Memórias minhas da gente da minha terra, que partilho com os que gostam de recordar, outras gentes, nos mesmos lugares.



Bragança,15/11/2020
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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