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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A VIDA NOS ANOS CINQUENTA EM PORTUGAL

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
 
Sou da geração em que havia: respeito e autoridade.
As senhoras, em geral, acumulavam as tarefas do lar, com os afazeres profissionais – se os tinham, – e desempenhavam alegremente o maneio da casa, com prazer, e não obrigação.
Se alguma da classe média, contratava criada, a maioria considerava dever seu, e faziam-no sem ajuda de utensílios elétricos, porque não os havia.
Os cavalheiros, eram sisudos. Raramente auxiliavam as esposas, seguido a rigor o velhíssimo anexim: “ O marido barca, a mulher arca”.
Cabia ao homem, o dever de sustentar a família; à mulher: cuidar dos filhos e manter o lar acolhedor.
Os filhos, em norma, eram obedientes, amorosamente submissos à mãe, e temiam o pai: “-Olha que vou contar ao teu pai!”, era o bastante para aquietar o rebelde.
As crianças, do povo, andavam descalças; não na cidade. Folgavam na rua. Brincavam com a imprescindível bola – feita de trapos e meias velhas, – e divertiam-se com joguinhos tradicionais.
A família, convivia: com vizinhos e parentes. Visitava-se frequentemente. Tomava-se, ao lanche, chá com torradas – se pertenciam à classe média, – e bolinhos secos. Quase sempre, a dona de casa, ofertava bolo caseiro, muito elogiado: “ -Depois há-de me dar a receita!”
A vida era simples. Poucos possuíam viatura, e menos ainda viajavam para o estrangeiro.
Os que possuíam casa, quinta, na província, fabrica ou comércio, na cidade, eram considerados ricos.
Os superiores hierárquicos eram tratados por excelência: -” Vª Ex.ª é quem manda…” - dizia o manga de alpaca
Os filhos pediam a bênção e dirigiam-se aos pais, por você: “ - A Senhora quer que ponha a mesa?” Ainda ouvi, nos anos setenta, a moça, em São Paulo.
Respeitava-se o professor. Bastava este pedir a presença da mãe, para aterrorizar o mais destravado.
As escolas, das primeiras letras, tinham palmatória (pequena régua de madeira,) e cana. Dizem, que nos anos vinte, havia pancadaria brava. A cana nodosa, sibilava nas orelhas e na nuca, ao mais simples desrespeito.
Esses excessos, já não haviam no tempo da minha geração.
Escusado será dizer: que não havia: televisão, gravadores e telefones moveis…
Havia, infelizmente, garotos obscenos e moças assanhadas, mas a maioria, eram simples, de ingenuidade quase angélica.
Todos os jovens ou quase todos, deslocavam-se a pé, para a escola e emprego (nem todos estudavam,) em grupinhos divertidos.
Assim era a vida da maioria das pessoas, após a 2ª Grande Guerra.
Essa conduta pacata, alterou-se: modas, condutas, pareceres…
O que era natural e aceite, passou, em certos casos, a ser condenável; e o que era condenável, passou, muitas vezes, a ser aceite, e até acarinhado por mitos…
Tudo muda, tudo passa…Mudam-se os pareceres, mudam-se os conceitos, mudam-se as vontades; mas só o coração do homem não muda…

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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