Este município do distrito de Bragança tem surgidos nos últimos anos como o que apresenta maiores perdas nos relatórios da entidade reguladora dos serviços de água e resíduos (ERSAR), com valores superiores a 70%, enquanto a média nacional ronda os 40%.
O vice-presidente da Câmara, Rui Vilarinho, disse hoje à Lusa que, nos últimos anos, o município tem vindo “a diminuir o valor das perdas”, embora essa redução não seja tão significativa como ambiciona e que espera concretizar com os projetos em curso.
Nos investimentos em curso estão 1,5 milhões de euros para controlo da água para a substituição dos atuais contadores por outros inteligentes e zonas de medição e controlo (ZMC).
De acordo com o vice-presidente da autarquia, estes sistemas servem para monitorizar as redes, com as ZMC instaladas já em 90% do concelho e o processo de substituição dos contadores a iniciar-se.
A autarquia vai colocar cerca de 4.500 contadores inteligentes, primeiro na cidade sede de concelho, e, numa fase posterior, outros tantos no meio rural.
Esta é uma prioridade para a autarquia, tendo em conta que os atuais instrumentos de medição dos consumos estão obsoletos.
“O tempo médio de vida útil de um contador deve ser 12 anos, nós temos contadores com mais de 30 anos. Provavelmente nesses contadores as pessoas consomem água e não é contabilizada”, concretizou.
Nos novos contadores, como explicou, é possível acompanhar os consumos ao segundo e sinalizar eventuais fugas, permitindo uma resposta mais rápida na correção das mesmas.
“Depois disto, nós, ao segundo sabemos onde está a haver perdas de água ou consumos ilícitos para prontamente atuarmos”, enfatizou.
O município espera concluir a substituição dos contadores e todo o sistema de monitorização dentro de um ano e meio.
O autarca ressalvou que o processo que o município está a iniciar “é lento, é difícil”, porque o concelho tem uma área “vastíssima” com 500 quilómetros de rede de condutas e pouca densidade populacional, poucos consumidores.
A rede de abastecimento tem 40 anos e precisa de ser substituída, o que a autarquia pretende fazer com um projeto de quatro milhões de euros que vai candidatar a fundos do próximo comunitário de apoio.
O último relatório da ERSAR diz respeito ao ano de 2020 e Macedo de Cavaleiros surge com perdas de 70%.
O vice-presidente entende que “o balanço hídrico não é real” porque diz respeito “a um ano atípico”, que foi o primeiro da pandemia.
“Porque durante vários meses do ano, face à pandemia, o município não cobrou água aos comerciantes, à indústria, a muitos munícipes em situação de carência, o que dá um défice ainda maior”, especificou.
No ano de 2021, dados apurados pela autarquia apontam para “uma melhoria significativa”, segundo disse, concretizando que o município deverá ficar abaixo dos 70% de perdas, enquanto no ano 2020 a entidade reguladora aponta um valor de 76,9%
O autarca acredita que “gradualmente, no espaço de quatro, cinco anos, depois de todas estas infraestruturas instaladas”, o município conseguirá aproximar-se dos valores médios nacionais.
“É um trabalho lento porque temos muita extensão de rede, mas temos de iniciar esse processo e acredito que nos próximos quatro, cinco anos, já estejamos nos níveis aceitáveis para um território com estas características”, afirmou.
Rui Vilarinho atribui os níveis elevados de perdas de água ao facto de o concelho ter uma das redes mais antigas, já que foi dos primeiros a ter água de rede, às condutas que são muito antigas e porque no passado nunca houve intervenções de fundo.
Justifica também que quase 80% da água é distribuída e contabilizada no concelho de Macedo de Cavaleiros pelas Águas do Norte, enquanto outros concelhos têm captações próprias, nomeadamente nas aldeias.
Apesar das perdas e da seca, este concelho transmontano não perspetiva problemas no abastecimento à população, graças à reserva da barragem do Azibo que garante água à população deste e do concelho vizinho de Mirandela.
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