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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 27 de novembro de 2022

“Os mais aptos são também os mais gentis”

 Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

Há frases feitas e repetidas até há exaustão, usadas para transmitir estados de alma, “dar recados” e até vender produtos. Uma das últimas que li associada a práticas que pretendem ser “escolas de cortesia e respeito pelo próximo” deu o mote a este texto. 
A afirmação até pode ter algo de verdade, mas usada desde logo por educadores ou pseudo-educadores em contextos de Jardim de Infância e escolas de Ensino Básico, e exacerbando, até, a “graciosidade” de algumas criancinhas, atiçam a minha “pulga atrás da orelha”.
A escola obrigatória e gratuita é de todos e para todos como reza a Lei. A partir deste pressuposto temos todo o tipo de crianças na nossa escola, ricos e pobres, de diferentes cores e etnias portadores de défices físicos e cognitivos e outras singularidades como serem moradores em bairros desqualificados, com barracos a que chamam casas, aposentos diminutos para famílias grandes e disfuncionais, privados de tudo, até de afetos o que compromete logo à partida o seu desenvolvimento dentro dos parâmetros ditos “normais” e por essa via são etiquetados depreciativamente. 
Mas isto são contas de outro rosário a pedir outras escritas. Hoje interessa-me convocar as aptidões dos professores motivados e capacitados para trabalhar em ambientes que desafiam a sua criatividade, abertos à virilização das múltiplas inteligências que cada um detém.
Howard Gardner refere o conceito de Inteligências Múltiplas e, a partir deste, desenvolve um modelo de concepção da mente que as integra [inteligência linguística, logico matemática, espacial, musical, corporal cinestésica, intra e interpessoal e naturalista], com o objectivo de ampliar o alcance do potencial humano.
 Não são inteligências isoladas, e algumas delas sobrepõem-se a outras, o que permite, a partir da aptidão que mais se destaca, completar outras que estejam menos estimuladas. Só assim se pode explicar o aparecimento de craques em diferentes áreas, como a música, o desporto; os poetas do povo que fazem versos sem saber ler nem escrever; os pintores e artesãos, que manifestam e perpetuam as suas competências e aptidões, sem nunca terem frequentado a escola ou, tendo frequentado, a abandonaram sem tirar qualquer proveito de um modelo sem sentido para eles.
São muitas as histórias de vida que nos são contadas por “génios” em algumas artes para quem a escola foi um tormento, mas sobreviveram graças às capacidades que desenvolveram porque alguém identificou o seu potencial, os ajudou a “crescer” felizes e realizados. Alguns estão por cá a dar conta do que viveram e como sobreviveram. Outros abandonaram a escola porque não se sentiram acolhidos, desejados e ou aproveitados em algum sentido. Desapareceram optando tantas vezes por caminhos que os levaram à sua destruição, à insegurança e sofrimento da sua família e da sociedade em geral.
 Voltando a questão inicial “Os mais aptos são os mais gentis”. Quando o são ou tiveram oportunidade de o ser. Ninguém será capaz de ser gentil se não houver gentileza na sua vida, logo desde a infância, se forem apenas confrontados com repreensões, castigos e críticas que diminuem. 
A gentileza não é coisa que se aprende de ouvido. A gentileza desenvolve-se pelo exemplo dos que nos rodeiam.

Maria dos Reis – 26, Novembro, 2022

Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança.
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) leccionou no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti no Porto.
A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.

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