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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Antes que anoiteça

 Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Finalmente!
Quando passam cento e quarenta anos sobre o anúncio “urbi et orbi” de José Leite de Vasconcelos revelando a existência da Lhéngua Mirandesa, foi criado, no âmbito do Orçamento de Estado para 2023, com dotação anual de 100.000 euros, o Instituto de Promoção da Língua Mirandesa, dez anos depois de ter sido reclamado por Amadeu Ferreira, na TVI, em entrevista conduzida por Victor Bandarra.
Justo e urgente.
A língua falada (e escrita) nas Terras de Miranda, caso não sejam tomadas, rapidamente, medidas eficazes que contrariem a tendência dos últimos anos, segundo o estudo “PRESENTE E FUTURO DA LÍNGUA MIRANDESA- estudo dos usos, atitudes e competências linguísticas da população mirandesa”, feito por uma equipa da Universidade de Vigo e pela Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa, apresentado recentemente em Miranda, corre o sério risco de entrar num processo de extinção, sem retorno, a partir de 2032. A exiguidade do tempo que nos separa dessa linha dramática não permite qualquer compasso de espera, qualquer atraso, qualquer desleixo, qualquer facilitismo. É imprescindível implementar já uma estratégia de preservação do património linguístico. Poderá haver quem ache que, antes disso, é necessário encontrar e planear as ações mais adequadas à prossecução dos objetivos. Não me parece. Há, sem dúvida que se estabelecer uma acertada e profícuo coordenação entre o novo Instituto, a ALTM e a Câmara Municipal, mas, mais nada que isso. O diagnóstico está feito, há muito, e estão identificadas as medidas que urge levar ao terreno. Quem tiver dúvidas, que revisite a já referida entrevista feita pelo jornalista Victor Bandarra ao poeta Fracisco Niebro:
Urge dar dignidade ao ensino do mirandês, integrá-lo no programa regular das escolas do nordeste em igualdade com outras disciplinas, com manuais oficiais adequados e não apenas como opção (essa deve ser adotada apenas nos grandes centros, como Lisboa e Porto, onde se encontram agrupamentos razoáveis de mirandeses da diáspora); assumi-la como língua oficial em toda a sua dimensão, com primazia nas comunicações e demais documentos produzidos pela autarquia (com caráter bilingue se, e só se, necessário); instituir a sua divulgação obrigatória nos meios oficiais de comunicação de serviço público (rádio e televisão estatais); e, claro, patrocinar e premiar a escrita do mirandês.
Mas, antes de mais nada, recolher e classificar o enormíssimo património oral dos mais velhos.
Quando o caminho é estreito e se desenrola à beira do precipício, e quando o dia começa a chegar ao fim, é vital atiçar a mecha e por petróleo na lanterna... antes que anoiteça!

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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