A Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vimioso acaba de gravar um novo CD. A banda conta já com dois álbuns, um de 2001 e outro de 2010. Passaram 14 anos desde o último por causa da pandemia, mas sobretudo porque a ideia era gravar com as vozes da banda. Segundo Ana Cavaleiro, maestrina, este será o cartão de visita da banda. “A nossa ideia é sempre, de certo modo e sem ferir susceptibilidades, educar um bocadinho o ouvido do público. Então, nós conseguimos, num CD, abarcar vários estilos de música, desde o passo-doble ao clássico, temos o musical e cantos tradicionais. Vamos incluir gaita de foles, que é característico aqui da nossa zona. Então vamos tentar dar ali um cunho nosso no CD”.
Apesar de estar num território despovoado do Interior, a banda integra perto de 100 elementos, em três formações; a escolinha, dos 3 aos 6; a formação, a partir dos 7 anos, que é a chamada Orquestra Juvenil; e, depois, a formação da banda, que gravou o CD. Segundo Ana Cavaleiro é preciso um trabalho bastante grande para manter os jovens na banda. “Temos vindo a trabalhar em várias frentes. E como é muito complicado, hoje em dia, cativar as crianças para estar, e até mais os jovens, porque eles chegam ali à idade de 17/18 anos, querem ganhar o seu dinheiro, para ir para as universidades, e vão sempre trabalhar ou para restaurantes ou para cafés. Fazer cerca de 80 ensaios durante uma época, para depois ir no mês de Agosto, às vezes, tocar por baixo de 45 graus e, chegar ao final do dia, e receber 30 ou 40 euros, se calhar preferem ir trabalhar para um restaurante. É sempre muito complicado. Então, nós temos tentado envolver também toda a comunidade”.
A banda, que foi reactivada há pouco mais de 25 anos, conta com uma formação de crianças, dos três aos seis anos e, por isso, tem mais elementos que noutros tempos. A ideia de as crianças começarem tão novas a aprender música é porque, praticamente, todas elas acabam por ir estudar para fora, para concluir o ensino obrigatório. “Penso que é um momento muito bom e não tenho memória de ter havido tanta gente na banda. Isto também é consequência de termos aberto as portas à classe mais jovem de crianças. Porquê? Porque nós vivemos num território em que não temos ensino secundário. Eles vão cada vez mais cedo embora, então eles têm de ser ensinados cada vez mais cedo, que é para o nível de evolução deles ser num período de tempo mais curto. Ainda que seja moda dizer que é bonito que os meninos aprendam música, eu acho que os pais até se preocupam com isso e têm consciência que a música tem um grande efeito no desenvolvimento cognitivo das crianças. E então acho que por isso mesmo que eles desde cedo levam os miúdos”.
O CD da Banda Filarmónica da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vimioso deverá chegar ao público dentro de pouco mais de meio ano. Enquanto este trabalho não está cá fora, é possível ouvir os outros dois CD’s nos canais oficiais da banda, assim como no Spotify e no Youtube.
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