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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Como eram os trajos infantis e juvenis, antigamente!

 «Logo que a criança nasce, põem-se-lhe os  cueiros e a  fralda da cintura para baixo, e desta para cima uma camisinha de pano claro e um casaquinho de flanela branca com mangas (outrora chamado chembre), de riscado, também com mangas para os bracinhos andarem quentes; embrulha-se muito bem em lenço de lã.


Na cabeça, um lencinho dobrado de modo que fiquem três pontas, que tapem melhor as orelhas, e duas fitas ou tranças, atadas ao alto da cabeça, touca pequena enfeitada de rendas, atada sob o queixo com fitas, e outra por cima, mais larga, de panos delicados, também atada com fitas, tudo muito largo.

Para as pernas e pés bastam os panos (fralda e cueiros).

Com 4 meses e mais vestem-lhe calcinhas largas de flanela, curtas, e nos pés nada (se são pobres) ou meias e botinhas de lã ou de outro pano, atadas com fitas, camisa de pano cru, camisola de algodão, colete para segurar as calças, vestidinho de riscado e um babete (babeiro) de qualquer pano, atado ao pescoço. Até 1 ano é assim o trajo; dos 2 para os 2 e meio começa a diferençar-se o dos meninos do das meninas (notas tomadas em Tolosa).

Trajos de crianças (1920)

De acordo com informações de alunos da Faculdade de Letras, as crianças vestiam-se, aí por 1920, mais ou menos como se segue:

a) Até aos 6 meses.

Ligadura de paninho; fralda; cueiro; camisa; casaquinho; vestido comprido, geralmente enfeitado, que acompanha o cueiro; envolta, que é uma capa bordada de flanela, com capuz e fita enfiada no pescoço, para franzir; mandrião, espécie de casaco abotoado nas costas, de algodão na época quente e de flanela ou lã no Inverno (põe-se por cima da camisa e só em casa); lencinho, para usar em casa; touca, para sair, babete ou babeiro; botinhas de malha.

Nos meninos da aldeia a peça luxuosa é a beata vermelha, bordada num canto com condecorações, figas, sino-saimão e laçarotes verdes, que é oferecida pelo padrinho.

Neste período os meninos vestem de azul e as meninas de cor-de-rosa.

b) Depois dos 6 meses

passam a usar fato curto e diz-se que vestem de curto; os cueiros são substituídos pelos papagaios, que servem para segurar a fralda.

c) Dos 2 aos 5 anos:

vestidinhos de saias, que hoje estão em desuso, ou calções e blusas com calções rendilhados, mais frequentes. Usam já camisola, camisa, ceroulinhas, peúgas, calções, sapatos ou botas, bonés, chapelinho.

d) Dos 5 por diante, época em que bem se distinguem os sexos pelo vestuário:

Rapazes

Roupa branca ou de baixo: camisola, camisa, colarinho, cuecas ou ceroulas; roupa de cima: blusa; bibe de trazer por casa; casaco como o dos homens, às vezes diferente, com pregas à inglesa, em forma de blusa; no Inverno, sobretudo e capa de borracha; calção, calça curta, meias ou peúgas, sapatos, botas e sandálias; chapéu de palha, no Verão, e de feltro ou boné, no Inverno.

Raparigas

Roupa branca, de baixa: camisa, colete, calças e combinação; uma ou mais saias com corpinho; roupa de cima:

no Verão: vestidinho de manga curta, em casa um bibe; touca de cassa ou um chapéu de palha; peúgas; sandálias, sapatos ou botas;

no Inverno: vestido mais pesado; casaco comprido ou casaquinho de malha e gorro; meias; polainas; de lã; na cabeça chapéu de feltro ou gorro de malha.

Um adorno de quase todas as raparigas são os brincos.

A respeito deles colheram-se em Ponte de Barca as seguintes informações: já na idade de um mês se furam as orelhas. São casos raros os das raparigas que só tardiamente furam as orelhas; houve uma que o fez na véspera do casamento. Conhecem-se mulheres que não usam brincos.

Para que as meninas não chorem, as mães vão-nas entretendo enquanto lhes furam as orelhas; metem no orifício um fio de retrós até a ferida sarar; só depois se põem os brincos.

Em Melgaço servem-se de uma agulha nova, por estrear, passando-a por uma brasa viva e molhando-a em azeite.»

Fonte: “Etnografia Portuguesa” – Livro III – José Leite de Vasconcelos  (texto editado)
in: https://folclore.pt/

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