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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

O Cavaleiro das Sombras - Capítulo VI – Sombras Além das Muralhas


 As manhãs em Bragança tornaram-se mais claras, mas os moradores já não olhavam apenas para dentro das muralhas. Havia algo nos limites da floresta que despertava apreensão. Árvores retorcidas pelo vento pareciam esconder olhos atentos, e os rastos estranhos nos caminhos multiplicavam-se.

Afonso reuniu os jovens mais valentes na praça central, à sombra das torres ainda cobertas de neve.

- Precisamos investigar o que ameaça as nossas terras, disse ele. - Quem ou o que estiver a observar-nos não pode surpreender-nos e apanhar-nos desprevenidos.

Lídia fechou o caderno de registos e aproximou-se, com voz firme:

- Devemos agir com cuidado. Não se trata de invasores comuns, algo caminha nas sombras, inteligente e paciente.

Baltasar bateu o bordão no chão, chamando a atenção.

- Então iremos em grupos. Não deixaremos que o medo nos paralise, mas também não nos lançaremos às trevas sem preparação.

Três grupos foram formados. Um exploraria os caminhos próximos da floresta, outro, liderado por Lídia, investigaria sinais em à volta da cidade, o terceiro permaneceria nas muralhas, para proteger os habitantes e garantindo que nenhuma sombra atravessasse os portões sem ser vista.

Na noite que se seguiu, uma névoa espessa ergueu-se do vale, e envolveu Bragança. Silêncios pesados estenderam-se pelas ruas recém-limpas, e as tochas acesas pareciam pequenas guardiãs contra a escuridão crescente. Entre os troncos da floresta, figuras silenciosas observavam. Não eram totalmente humanas, nem totalmente animalescas, moviam-se com a paciência de quem aguarda o momento certo para agir.

O vento trouxe um sussurro, quase inaudível:

- Eles acreditam que a cidade está segura… mas não sabem que antigos segredos ainda dormem.

Afonso percebeu a presença da ameaça antes de qualquer um. Um arrepio percorreu a sua espinha, lembrando o Cavaleiro das Sombras e de como a verdade, mesmo revelada, não livrava totalmente uma cidade dos seus fantasmas.

- Amanhã, descobriremos se estas sombras são apenas a nossa imaginação… ou se algo mais antigo nos observa, murmurou, olhando para a neblina que envolvia o bosque.

Enquanto a cidade dormia, protegida apenas pelas muralhas e pelos poucos vigilantes, algo, ou alguma coisa movia-se entre as árvores. E, no coração da escuridão, olhos brilhantes fitavam Bragança, calculando cada passo, cada gesto, cada nova esperança que surgia.

O recomeço estava em curso, mas a paz era frágil. E Bragança aprenderia, mais uma vez, que a verdade e a coragem bastam apenas enquanto se está alerta, pois as sombras nunca descansam.

Continua...

N.B.: A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

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