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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O ermo das bruxas

Há um sítio na aldeia de Zedes, do concelho de Carrazeda de Ansiães, que é
conhecido por “ermo” e onde nenhuma erva nasce apesar de a terra ser boa. Dizem os
antigos que aquele é o sítio da reunião das bruxas e que, por isso, a erva ali não
consegue nascer.
Contava-se antigamente que as bruxas se vingavam daqueles que as apoucavam.
Diz-se que certa ocasião uma mulher, a conversar com outras ao soalheiro, afirmou alto e bom som que se alguma bruxa se chegasse perto dela lhe faria isto e aquilo. Ora, nessa mesma noite, as bruxas roubaram-lhe um filho, ainda de berço, e levaram-no para o tal “ermo”, onde passaram a noite a jogar com ele de mão em mão. Daí em diante, a criança começou a definhar e disso morreu.
Contava-se também que houve um rapaz forte e valente, que andava sempre a dizer que não tinha medo de nada.
– Nem das bruxas do “ermo”? – perguntaram-lhe um dia.
– Elas que me apareçam e hão-de ver a que terra vão parar!
Nessa mesma noite saiu de casa como sempre fazia e, depois da meia-noite, ao passar no largo da aldeia atravessou-se-lhe um vulto preto que lhe pareceu um porco ou uma porca. E disse para consigo:
– Quem diabo terá deixado fugir este reco?
E pôs-se a correr atrás dele para o agarrar. Mas quanto mais corria, mais o animal corria também na sua frente. E tanto correu atrás que foi parar ao “ermo” das bruxas, onde encontrou outros porcos ou porcas à espera.
Nesse momento, os animais puseram-se a correr em círculo à volta do rapaz, chamando pelo seu nome e rindo em altas gargalhadas.
Diz-se que o moço apanhou tanto medo que até fez o sinal da cruz a pedir ajuda a Deus. E ao fazer o sinal da cruz o círculo dos porcos desfez-se e ele pôde regressar a casa. Desde esse dia, nunca mais andou na rua fora de horas.

 PARAFITA, A – narrações Orais - Património Imaterial do Douro –, vol. 2, 2010, p. 219

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