O projeto será realizado nas minas de Torre de Moncorvo, em Trás-os-Montes, um dos maiores depósitos de minério de ferro da Europa, com recursos medidos e indicados de 552 milhões de toneladas de minério e recursos inferidos de mil milhões de toneladas.
O investimento está a ser negociado entre o Governo, a empresa que detém a concessão da mina até 2070, a MTI -- Minning Technology Investments, e a Rio Tinto, disse à Lusa fonte próxima das negociações.
O Ministério da Economia confirma oficialmente que está "a desenvolver negociações com uma das maiores empresas do mundo para um grande investimento no sector mineiro em Portugal", sem, no entanto, avançar qualquer dado sobre o assunto.
Álvaro Santos Pereira já tinha anunciado a 27 de setembro na RTP que existia uma multinacional que pretendia fazer um grande investimento em Portugal, escusando-se na altura a avançar com detalhes.
O investimento vai permitir, numa primeira fase, a criação de 420 novos postos de trabalho directos e cerca de 800 indirectos, bem como a criação de um pólo de investigação e desenvolvimento no Nordeste Transmontano, com parcerias com instituições locais e internacionais.
Este projeto criará, segundo a MTI, "um novo mercado de exportação da economia portuguesa" e a "valorização e rentabilização da linha ferroviária do Douro e da navegabilidade do Douro".
Fontes ligadas às empresas referem que, caso as negociações com a Rio Tinto cheguem a bom porto, o investimento vai permitir que a pequena vila transmontana receba "uma autêntica cidade, porque é preciso fazer tudo desde o início", e será provável que o investimento demore cerca de 10 anos a concretizar até que comece a laborar.
Os direitos de exploração das minas Moncorvo pertencem à MTI, uma empresa constituída por capitais nacionais e estrangeiros, que conta entre os seus acionistas com empresários e quadros técnicos de "vasta experiência mineira", pode ler-se no 'site' da companhia.
Segundo a mesma fonte, este é um investimento que já estaria a ser negociado pelo anterior governo, mas que agora deu um passo em frente após o reforço do interesse da Rio Tinto. Segundo o 'site' da MTI, os direitos de prospecção e pesquisa foram obtidos através de um contrato assinado com o Governo em 2008, mas a atribuição da concessão de exploração das minas só aconteceu em 05 de janeiro deste ano, "assegurando à MTI os direitos de exploração das Minas de Ferro de Moncorvo até 2070".
A MTI encetou conversações com a Rio Tinto para se tornar parceira maioritária no projeto, que, numa primeira fase, vai explorar a Mina da Mua, com reservas medidas e indicadas de 120 milhões de toneladas. Segundo o sítio da empresa na internet, o projeto tem "reduzidos constrangimentos ambientais", "proximidade dos portos atlânticos de Aveiro e Leixões", "apoio institucional das autoridades nacionais, regionais e locais" e "disponibilidade total e imediata de água, energia, infraestrutura e capacidade de escoamento".
Fonte oficial da Rio Tinto contactada pela Agência Lusa em Londres escusou-se a confirmar ou desmentir a informação, afirmando que a empresa não comenta "rumores". A concretizar-se o investimento, marcaria o regresso do Rio Tinto a Portugal, depois de a empresa ter mantido, durante vários anos, um investimento nas minas de cobre de Neves-Corvo.
Em 1983, a Rio Tinto foi convidada a participar no projecto das minas, inicialmente uma 'joint-venture' [empresa conjunta] do Governo e de investidores privados franceses. Depois de um período de avaliação, em 1985 a Rio Tinto comprou os 49 por cento de capital francês, tendo a produção começado em 1989. A Rio Tinto acabou por vender em 2004 toda a sua participação aos canadianos da EuroZinc.
in:cmjornal.xl.pt
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