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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 20 de junho de 2015

1. CULTURAS NOS CAMPOS. PERSPECTIVAS CONCELHIAS

O perfil das culturas fixadas para o território de cada um dos concelhos – para os quais se reúne aqui a informação mais relevante – é naturalmente imposta pelo quadro físico-geográfico e climatérico em que o concelho se insere. Desse ponto de vista e, numa perspectiva mais geral, este território brigantino e seus concelhos inserem-se no todo ou em parte, na chamada Terra Fria (Vinhais, Bragança, Mirandela, Miranda do Douro, Vimioso) e Terra Quente (Carrazeda de Anciães, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Vila Flor, Freixo de Espada à Cinta). Em todo o território, com raras excepções, é marcante na paisagem, o peso das cultura cerealífera de sequeiro, do centeio e do trigo.
Estes com maior presença nos concelhos total ou mais largamente inscritos na Terra Fria, a que se poderão «associar», mais intensamente, o castanheiro, os nabais, a batata. Pelos concelhos da Terra ao lado dos cereais cresce em importância, a oliveira, o vinho, as frutas, a que se associam também mais intensamente, a amoreira, a amendoeira, o figo, a cereja entre outros frutos e produtos hortícolas (como no Vale da Vilariça).

Além da sua identificação geral, as Memórias Paroquiais permitem também destrinçar as diferentes espécies, designadamente para os trigos, e fazer uma aproximação à sua repartição geográfica local e regional.
Ao contrário de outras regiões, tal como para o Minho, as culturas e áreas cultiváveis praticamente não apresentam grandes descontinuidades entre os campos e as serras, excepto as impostas pela natureza dos solos e clima, ainda que, no que diz respeito à cultura cerealífera, esta seja nas serras objecto de um trato mais extensivo.
Em geral as comunidades não produzem o suficiente para a sua subsistência e muito menos
abastança.

E isto lido do ponto de vista da cultura e produção cerealífera que é a considerada, e de facto é, a mais determinante na alimentação das populações.

Os párocos deixam muitos testemunhos sobre esta realidade, condicionante principal da pobreza das populações, tónus profundamente marcante, em geral, destas populações e sociedade transmontana do tempo. Mas só raramente lhe referem as causas, ou causas principais.
As Memórias permitem, porém, com alguma clareza, seguir os caminhos da procura de soluções, de complementaridade ou alternativa às insuficiências crónicas e estruturais, às crises ou carestias cerealíferas também muito frequentes, no desenvolvimento de culturas hortícolas (nabo, batata), na forte presença da castanha na dieta alimentar, na intensificação da fruticultura, na extensão das culturas pelas serras, na caça, na pesca. E no comércio, ainda que forçando e condicionando níveis de consumo de produtos básicos como os cereais, o vinho, o azeite, os frutos (figo seco, melões e melancias). E algumas vezes procurando a transformação «industrial» de algumas produções, do sirgo, da lã, do linho cãnhamo, do sumagre, do ferro…

continua...

Memórias Paroquiais 1758

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