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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 17 de outubro de 2015

Bruxas e lobisomens

Local: Bemposta, MOGADOURO, BRAGANÇA

Informante: Maria das Neves Almeida (F), 70 anos

Oube uma trubuada m~utu grande e biñãu ali à ponte e disse k’ãdaba um ome dedepidu, sem camisa. Ele disse: é así a minha sorte e bai o ome e tirou uma manta e tapou-o m~utu bem tapado e trouse-o pra sua casa e depois lá le deu umas calças e uma camisa e lá se foi ibora.
O que arrecadou terminou a si casar-se e antigamente tinham k’ir pôr a bula a Roma pra si casar kas primaz duns.
Foi-se então a Roma e quando staba ga na pubasau, chamaram-no duma zinela: - ó fulanu.
Achou pur admiração numa terá strãgaira a camarãi-nu – atãu nu me kuñees?
- Eu não.
- Atão k’anda a fazer?
- Ando a pôr uma bula k’uma prima carnal aqui ao Padre Santo.
- Isso despachemu-lu nós.
E despachou.
Deu-se ao conhecimento. Disse: - Kria star amanhã na festa, nu kria?
- Isso gustaba, gustaba.
- Eu lu faço. Chamou um:
- Amanhã há-de lá stár junto com a sua família na festa dos Prazeres. I tantas horas me pões este ome i casa?
- E tantas.
- Nu serbes.
- E tu, por quanto me pões este ome i casa?
- Por tanto.
- Nu serbes.
- E tu?
- Ponho-o lá em tantas horas
- Pois es tu ki o lebas.
Ele não bia os omes, só os oubia.
- eu dou-l’ uma mula, mas nunca diga “deus”. Bosemesé bai pelo mar fora i chigandu á sua porta, sta uma muraira: agarre-se a um galho e dê um puta-pé e dese: ala pra profunda do infernu. Tubóu-si i cima da cama.
Pela manhã, tukabau o señor (pra lubar a kumiñau a alguma criatura):
Bou-ma lebantar e bou eu a ele tamai.
Foi então a Ele. Foi-s’a be-la: era uma mulér:
- Então stáz milór?
- Olá sporaz o que me fizerãu; toda a noite me bateste.
Ela era uma bruxa, era a mula ki ele tinha montado toda a noite de Roma até cá.

Fonte:AA. VV., - Inquérito Boléu (recolhas inéditas) Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, , p.“Histórias de animais”, Resumo dos costumes e linguagem de Bemposta (Mogadouro), pp. 68-70.

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