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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

A Moura Encantada - Parte 2 – O Sussurro do Tear


 O tempo passou, mas Castramouro manteve-se isolado e silencioso. A aldeia de Outeiro continuava a viver à sombra do castelo, onde o vento carregava rumores de lendas antigas, histórias sussurradas junto ao fogo, de geração em geração. Mas havia algo mais profundo, algo que não se podia ver nem tocar, algo que permanecia preso entre as rochas da fraga.

Naquela noite, um jovem aldeão chamado Tomás decidiu aventurar-se além dos caminhos conhecidos. Sempre ouvira os contos sobre a princesa Moura, mas a curiosidade queimava-lhe dentro. Com a lua cheia a iluminar o caminho, Tomás aproximou-se da Fraga da Moura. O ar estava pesado, quase elétrico, e o som da água parecia absorver cada passo, transformando o ambiente numa dança de sombras.

E então ouviu. Primeiro, um sussurro quase imperceptível, como fios sendo puxados. Depois, o som ritmado do tear, batendo com delicadeza, mas com uma força que parecia tocar o próprio coração de quem escutava. Tomás parou, fascinado. A névoa parecia formar silhuetas que se moviam entre as árvores e pedras, como se estivessem vivas, guardando um segredo antigo.

De repente, uma figura surgiu, transparente e luminosa. Era a princesa Moura. O véu da noite realçava o brilho de seus cabelos e o dourado dos novelos que ela trabalhava. Os seus olhos eram profundos e tristes, mas havia uma serenidade que aquecia a alma. Tomás sentiu medo, mas também uma estranha confiança, como se aquela presença tivesse esperado por ele há muito tempo.

Ela não falava, apenas continuava a tecer, e cada movimento parecia criar sons que contavam histórias de amor, perda e coragem. Tomás aproximou-se, e por um instante sentiu que o tempo tinha parado. A água da fraga refletia o luar, e o som do tear misturava-se com o murmúrio da água, formando uma melodia que soava nas pedras e no coração do jovem.

A princesa Moura ergueu os olhos e, num sussurro que parecia vir de todos os cantos da fraga, disse:

- Quem aqui chega deve guardar o segredo do que viu. Este lugar é meu, e apenas um coração puro pode ouvir o verdadeiro canto do tear.

Tomás compreendeu que aquela não era uma história qualquer. Cada fio que ela tecia continha memórias do castelo, do rei mouro, da fuga desesperada e do tesouro de ouro que ela carregara consigo. Cada fio era uma ponte entre o passado e o presente, uma lembrança viva de coragem e sacrifício.

Antes que pudesse perguntar mais, a figura começou a desaparecer lentamente, dissolvendo-se na névoa que subia da fraga. Mas o som do tear continuou, agora mais suave, como se lhe pedisse silêncio. Tomás voltou à aldeia com o coração acelerado, carregando consigo um segredo que pesava, mas também o fascinava.

E naquela noite, Castramouro não dormiu. O vento sussurrava, e as árvores pareciam guardar uma vigilância silenciosa. Quem ousasse aproximar-se da fraga poderia ouvir, ainda hoje, o som do tear, e talvez, se tivesse sorte e coragem, vislumbrar a princesa Moura tecendo eternamente o seu destino dourado.

continua...

N.B.: Este conto teve como base a Lenda de Outeiro "A Moura  Encantada" e a colaboração, na construção do "esqueleto", da IA. A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

HM - com IA e IN

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