Naquela noite, um jovem aldeão chamado Tomás decidiu aventurar-se além dos caminhos conhecidos. Sempre ouvira os contos sobre a princesa Moura, mas a curiosidade queimava-lhe dentro. Com a lua cheia a iluminar o caminho, Tomás aproximou-se da Fraga da Moura. O ar estava pesado, quase elétrico, e o som da água parecia absorver cada passo, transformando o ambiente numa dança de sombras.
E então ouviu. Primeiro, um sussurro quase imperceptível, como fios sendo puxados. Depois, o som ritmado do tear, batendo com delicadeza, mas com uma força que parecia tocar o próprio coração de quem escutava. Tomás parou, fascinado. A névoa parecia formar silhuetas que se moviam entre as árvores e pedras, como se estivessem vivas, guardando um segredo antigo.
De repente, uma figura surgiu, transparente e luminosa. Era a princesa Moura. O véu da noite realçava o brilho de seus cabelos e o dourado dos novelos que ela trabalhava. Os seus olhos eram profundos e tristes, mas havia uma serenidade que aquecia a alma. Tomás sentiu medo, mas também uma estranha confiança, como se aquela presença tivesse esperado por ele há muito tempo.
Ela não falava, apenas continuava a tecer, e cada movimento parecia criar sons que contavam histórias de amor, perda e coragem. Tomás aproximou-se, e por um instante sentiu que o tempo tinha parado. A água da fraga refletia o luar, e o som do tear misturava-se com o murmúrio da água, formando uma melodia que soava nas pedras e no coração do jovem.
A princesa Moura ergueu os olhos e, num sussurro que parecia vir de todos os cantos da fraga, disse:
- Quem aqui chega deve guardar o segredo do que viu. Este lugar é meu, e apenas um coração puro pode ouvir o verdadeiro canto do tear.
Tomás compreendeu que aquela não era uma história qualquer. Cada fio que ela tecia continha memórias do castelo, do rei mouro, da fuga desesperada e do tesouro de ouro que ela carregara consigo. Cada fio era uma ponte entre o passado e o presente, uma lembrança viva de coragem e sacrifício.
Antes que pudesse perguntar mais, a figura começou a desaparecer lentamente, dissolvendo-se na névoa que subia da fraga. Mas o som do tear continuou, agora mais suave, como se lhe pedisse silêncio. Tomás voltou à aldeia com o coração acelerado, carregando consigo um segredo que pesava, mas também o fascinava.
E naquela noite, Castramouro não dormiu. O vento sussurrava, e as árvores pareciam guardar uma vigilância silenciosa. Quem ousasse aproximar-se da fraga poderia ouvir, ainda hoje, o som do tear, e talvez, se tivesse sorte e coragem, vislumbrar a princesa Moura tecendo eternamente o seu destino dourado.
continua...
N.B.: Este conto teve como base a Lenda de Outeiro "A Moura Encantada" e a colaboração, na construção do "esqueleto", da IA. A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

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