As unidades de cavalaria romana denominadas Ala foram recrutadas a partir de não-cidadãos do Império, os peregrini, particularmente entre os povos menos romanizados do Império, trácios, asturianos, ou Panónios, e que possuíam habilidades especiais na arte da equitação.
Aemilio Balaeso seria um indígena, possivelmente do povo dos Zoelas, que chegou a ocupar um importante cargo dentro da Ala Sabiniana, o de porta-estandarte.
Cada Ala tinha o seu próprio porta-estandarte, o vexillarius, carregando uma bandeira com o nome da unidade, chamava-se vexillum.
Esta inscrição funerária, descoberta no lugar de Aldeia Nova (Miranda do Douro) e que se encontra fragmentada na sua parte inferior, é o único testemunho na Hispânia, desta unidade militar romana.
A lápide encontra-se datada dos finais do séc. I d.C.
Inscrição:
Aemilio Bal / aeso sigini /
Fero alae Sa / bininiae cogn /
Atio de cen / (turia…)
Tradução:
A Aemilio Banaeso
Porta-estandarte da Ala Sabiniana,
dos reconhecimentos da centúria (…)
• Encontra-se no Museu Abade de Baçal (Bragança ) – Exposta na Sala 3
Ala I Pannoniorum Sabiniana
A Ala Sabiniana referida na inscrição é possivelmente a mesma que surge designada como Ala I Pannoniorum Sabiniana e que se encontrava estacionada na Britânia desde os tempos do imperador Adriano.
O seu nome pensa-se que advém de um seu ex-comandante chamado sabino.
Não existem registos antes de 122 d.C., sendo portanto, provável que tenha sido uma das unidades, que acompanharam Adriano, na sua jornada pelas províncias do Império romano.
Nos séc. III-IV d.C. encontra-se inscrita no Dignitatum Notitia, como estacionada em Halton Chesters (Grã-Bretanha).
Castro da Aldeia Nova
A lápide honorífica, que honrou o cavaleiro indígena da Ala Sabiniana, foi encontrada em Aldeia Nova, povoação nas imediações da cidade de Miranda do Douro.
Este antigo povoado implantado num esporão sobranceiro ao rio Douro, justamente num sítio onde hoje se ergue a ermida de S. João das Arribas.
Duas cinturas de muralhas edificadas em alvenaria insonsa e de aparelho granítico irregular ofereciam proteção.
Internamente, a linha da muralha mostra um reforço que correspondia a um torreão circular e entrada rampeada.
É possível que os entulhos resultantes da construção do caminho de acesso à capela tenham ocultado a existência de um fosso exterior.
Também neste povoado emergem vestígios de uma segunda fase ocupacional, correspondente ao período de ocupação romana do atual território português, bem documentada na presença de inúmeros fragmentos de materiais de construção como, tegulae e imbrices, a atestar no fundo o caráter de longa permanência das estruturas estão erigidas, ao mesmo tempo que a importância estratégica do local, não apenas em termos defensivos e, por conseguinte, administrativos, como, ainda, ao nível dos recursos cinegéticos, fortemente propiciados pela proximidade do rio Douro, uma das principais vias de comunicação com as regiões circunvizinhas e recurso privilegiado do quotidiano das gentes que o escolheram ao longo dos séculos, senão mesmo milénios.
Uma situação que poderá ser facilmente compreendida com a descoberta, no sítio, de uma lápide referida datada do séc. I d.C., de caráter honorífico, dedicado a um militar de origem indígena, a par de um número considerável de estelas funerárias romanas, onde os nomes autóctones evidenciam uma forte latinização.
In:portugalromano.com
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