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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O Pastor, o Cutelo e o Lobisomem

Local: VINHAIS, BRAGANÇA

Certo pastor notou que, todas as noites, havia grande reboliço no curral onde guardava as suas cabras. Quando, numa dada noite, resolveu ir ver o que se passava, apercebeu-se que havia um bode, estranho ao rebanho, a escapulir-se a tempo de não ser apanhado. E só então as cabras sossegaram. 

 — Atreve-te a voltar cá e verás o que te acontece! — murmurou o pastor, ao descobrir o motivo de tamanho alvoroço no curral. 
 Na noite seguinte escondeu-se numa seara e esperou, com um cutelo nas mãos, que o bode aparecesse. Quando o viu aproximar-se, lançou-lhe o cutelo e cravou-lho no lombo. Convencido de que o tinha morto, o pastor não se preocupou mais com o animal, e foi-se deitar. 
 Na manhã seguinte, foi ao sítio onde supunha encontrar o bode morto, e a única coisa que viu foi o chão todo cheio de sangue. O animal havia desaparecido. 
 — Pelo menos, ficaste sem vontade de cá voltar! — reagiu o pastor. E, na verdade, em nenhuma das noites seguintes voltou a haver reboliço no curral. 
 O tempo foi passando, até que um dia o pastor precisou de ir à feira, a uma aldeia vizinha, para comprar novas reses. Após acertar o preço com um dos vendedores, apercebeu-se que ele tinha, também à venda, o seu cutelo. E logo lhe perguntou: 
 — Onde é que arranjou esse cutelo? 
 — E porque quer saber? — perguntou, por sua vez, o vendedor. 
 — Porque ele é meu! — respondeu, com total segurança, o pastor. 
 O feirante não hesitou um momento. Pegou no cutelo e devolveu-lho. E ainda lhe deixou levar as reses que havia justado sem lhe cobrar dinheiro por elas. 
 — Porque me está a fazer isto? — intrigou-se o pastor. 
 — Faço-o em paga de me ter salvo ao livrar-me do maldito fadário que atormentava as minhas noites. 
 O pastor soube então que o misterioso bode era um lobisomem, e que, ao feri-lo com o seu cutelo, lhe quebrou o fado. Ficaram, por isso, grandes amigos.

Fonte:PARAFITA, Alexandre Antologia de Contos Populares Vol. 1 Lisboa, Plátano Editora, 2001 , p.195

1 comentário:

  1. Interessante!!!
    Nunca ouvi falar desta LENDA.
    Para aqueles lados desde pequena que ouço falar de pequenas histórias sobre o TRASGO,😯...mas nunca encontrei nada escrito.

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