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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A continuação da Linha do Comboio até Bragança

...CONTINUAÇÃO
Em 02.VII.1890 a Câmara Municipal de Bragança remete às Côrtes uma representação assinada pelo seu presidente Manuel Maria de Morais Azevedo onde, dirigindo-se aos deputados da nação portugueza e após lembrar que todas as capitais de distrito já gozam dos benefícios da viação accelerada, que tanto tem feito progredir o commercio, a industria e a agricultura por ella servidas se achava aquela cidade igualmente capital de distrito, sede episcopal, aquartelamento de dois regimentos e centro de uma vasta região de grandes aptidões agrícolas e minerais inhibida de gosar tão importante systema de locomoção e tão rapido meio de transporte, rogando que se construísse a linha de Foz-Tua em prolongamento de Mirandella a esta cidade e a do Pocinho a Miranda do Douro, bifurcando-se para esta cidade nas proximidades de Vimioso (DG 1890a), petição de igual teor que repete a 10 do mesmo mês e ano (DG 1890c).
Somente 9 anos após estas iniciativas, com a carta de lei de 14.VII.1899, numa reorganização do caminho-de-ferro do Estado e com a criação do supracitado Fundo Especial, é o Governo autorizado a construir, por etapas, a cargo da Companhia Nacional de Caminho de Ferro, a linha de Mirandela a Bragança, cujo concurso o conselho de ministros resolve abrir já no novo século (4.VI.1901) mas que tem de aguardar mais um ano para que possa ser realizado (14.II.1902) devido à burocracia. Foi João Lopes da Cruz o único concorrente mas complicações suscitadas por Leon Cohen procurador da firma Zagury obrigam a novas formalidades legais e consequentemente novo concurso, realizado a 15.IV.19024, sendo a adjudicação feita àquele empreiteiro com a garantia de 4,5% em relação ao custo por km de 25:990$000 réis, contrato este definitivamente aprovado por carta de lei de 24 de Outubro desse mesmo ano e cujo trespasse de concessão para a Companhia Nacional de Caminho de Ferro uma portaria de 30.VI.1903 autoriza (CP 2002; ALVES 1975-1990, IX, 226-227; CRUZ 1906).
Foi este trespasse inevitável por não ter J. L. da Cruz conseguido os recursos financeiros suficientes para iniciar a obra no prazo contratual de 3 meses, prazo este prorrogado por outro tanto tempo (despacho de 7.I.1903) e novamente por mais 6 meses (20.III.1903); o termo público desse trespasse data de 23 de Setembro seguinte, ficando ele com a empreitada geral cujos trabalhos foram dirigidos pelo eng.º Manuel Francisco da Costa Serrão, ambos financeiramente arruinados no final da obra (ALVES 1975-1990, IX, 229).
São estes trabalhos de construção finalmente e solenemente inaugurados a 20.VII.1903 na cidade de Bragança, no campo de Santo Antonio e no local previamente designado para a estação do caminho de ferro a terminar n’esta cidade, no qual compareceram as autoridades locais e regionais e muito povo (ALVES 1975-1990, VII, 618-629). É o projecto para a construção dos edifícios da estação da capital do Distrito apresentado pela Companhia Nacional, aprovado por portaria de 25.II.1905, após a declaração de utilidade pública na expropriação urgente de várias parcelas de propriedades sitas na freguesia da Sé (CP 2002; DG 1904).
E a via-férrea avança em direcção a Bragança, sucedendo-se as inaugurações. Em 02.VIII.1905 procede-se à abertura da exploração do troço entre Mirandela e Romeu e a 15.X.1905 o mesmo acontece com o de Romeu a Macedo de Cavaleiros.
E no dia seguinte a vila de Macedo de Cavaleiros assiste à Inauguração da linha de Mirandella a Macedo, acontecimento noticiado na edição do “Primeiro de Janeiro” de 17.X.1905: …partindo o primeiro comboio para Mirandella ás 8 horas da manhã. N’um comboio de serviço, chegado ás 6 da manhã, vieram 150 pessoas de Mirandella, que depois partiram no comboio inaugural. À partida d’este, houve musica, foguetes e numerosos vivas, estando mais de 3:000 pessoas no recinto da estação, que estava vistosamente ornamentada e embandeirada.
O comboio de Mirandella chegou às 7 da noute, estando mais de 5:000 pessoas no recinto da estação, brilhantemente illuminada, e assistindo todas as senhoras da villa.
A musica tocou o himno nacional; queimaram-se muitas girandolas de foguetes e levantaram-se entusiasticos vivas a todos os promotores do caminho de ferro, á empreza Lopes da Cruz, á Companhia Nacional, ao distintissimo ingenheiro sr. Serrão, e aos srs. Azevedo, Verissimo, etc.
Á noite a villa esteve brilhantemente illuminada, distinguindo-se pelo seu belo effeito, a secretaria da construcção e a torre da egreja.
A estação é insignificante para o movimento que deve ter (PJ 1905).
Entrementes sabemos que a edilidade brigantina deliberara pedir ao governo que, pelo fundo das receitas destinadas a obras de caminhos de ferro, faça construir uma avenida parallela á rua do conde de Ferreira, que ligue esta cidade com o caminho de ferro agora em construcção, considerando-a de grande utilidade (PJ 1905a,).
E os carris aproximam-se do objectivo, abrindo à exploração pública o lanço compreendido entre Macedo e Sendas a 18.XII.1905, o mesmo acontecendo entre Sendas e Rossas a 14 de Agosto do ano seguinte, não olvidando que neste interim (12.V.1906) se inaugurou a Linha da Régua a Vila Real cujas obras seguiam paralelamente (CP 2002).
Ouviu-se o silvo da locomotiva na cidade de Bragança, pela primeira vez, na tarde do dia 26.XI.1906 (PJ 1906, 3), mas só ao meio-dia e meia do 1.º de Dezembro desse mesmo ano chegou à cidade o primeiro combóio inaugural, recebido com delirante entusiasmo, cinquenta anos depois de ter apitado em Lisboa, como recordou o Abade de Baçal (ALVES 1975-1990, IX, 229).

Carlos d’Abreu, 2006/2007

in:ocomboio.net
CONTINUA...

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