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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Os Irmãos Cruz de Mirandela

Um dos irmãos Cruz de Mirandela (Joaquim, Adolfo e Manuel) na Minha aldeia
      OPINIÃO
Jorge Lage
Eram três irmãos que ficavam no caminho da minha aldeia e de muitas aldeias. Mais ainda, nunca ouvi em minha casa uma palavra em seu desabono dos meus pais. Eram pessoas trabalhadoras e empreendedoras que honravam o nome da sua família e Mirandela. Um deles andou, muito novo, na minha aldeia a fazer pela vida e cruzou-se com a minha avó Rosa e daimosa. Já assim, generoso, era o meu bisavô materno, Ti João Aleixo.

Era, também, o meu bisavô, exímio jogador do pau, que varria o toural da feira da Torre se havia uma zaragata. Era, ainda, um campeão em pesos. Um dia (Século XIX) aparece-lhe à porta, em Chelas, um desafiador dos Cortiços (?) para se bater com ele e levar o «título de campeão da região em pesos». O Ti João Aleixo concorda e convida-o por cortesia a beber. Então, pega na tanha de barro cheia de vinho, ergue-a com as duas mãos e leva-a à boca e bebe. Pousa-a e convida o forasteiro a beber, mas ele disse-lhe que não conseguia erguer a tanha e beber. O meu avô despediu-o, porque se não é capaz de erguer pela tanha e beber, não era digno de se bater com um campeão. A tanha era a pré-eliminatória.

Mas, voltando aos irmãos Cruz foram sempre vistos como empreendedores, sendo o mais popular o Adolfo com a serralharia acima do Tanque e para lá da linha do comboio. O Manuel com o comércio um pouco abaixo do Tanque e do lado de lá do largo. O Joaquim tinha a serração na Quinta Branca e um comércio a seguir à casa do Capitão Ilídio Esteves. Foi numa ida duma minha irmã ao comércio que o próprio Joaquim Cruz lhe contou quanto estava agradecido à minha avó Rosa, que à sua merenda acrescentava um agrado. Puxei este assunto ao teclado do computador, para dizer, a quem possa ter dúvidas, que procuro sempre ser rigoroso no que escrevo, não para amesquinhar ninguém e muito menos os que partem, mas para mostrar um bom caminho, uma boa acção ou um exemplo de vida. Por exemplo, a mim, não me incomoda o meu passado humilde de filho de agricultores remediados e trabalhadores.

Incluí, com orgulho, esse dado no meu currículo e repito-o dezenas de vezes. Ainda hoje, em cada dia que passa, fico agradecido a quem me ajuda e sem os amigos e a generosidade de muita gente por esse Portugal abaixo não conseguiria fazer o pouco que fiz. Pena é que Mirandela e o país não tenham muitos «Irmãos Cruz», como os que havia em Mirandela, gente empreendedora e trabalhadora. A sua memória e de muitos outros mirandelenses, trabalhadores e empreendedores, enchem-nos de orgulho, são bons exemplos e ajudaram a engrandecer a Mirandela do segundo e terceiro quartel do século XX.

Jorge Lage
in:atelier.arteazul.net

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