A Federação Portuguesa de Caçadores (FPC) defende a proibição total da caça nos terrenos livres e exige incentivos para o regime ordenado, na sequência do impacto que os incêndios florestais estão a ter na actividade cinegética.
Os incêndios florestais que têm devastado vastas áreas, sobretudo nas zonas Centro e Norte, afectaram também a actividade cinegética nestas regiões, facto que leva a FPC a reagir e a defender a proibição total da caça nos terrenos livres e incentivos para o regime ordenado.
Hélder Ramos, presidente da FPC, disse à agência Lusa que apesar de ainda não ter os dados disponíveis em relação às áreas consumidas pelos fogos, as zonas Centro e Norte do país foram muito afectadas pelos incêndios e, consequentemente, as zonas de caça aí existentes.
A título de exemplo, sublinha que na região de Águeda há zonas de caça com mais de mil hectares que arderam totalmente.
“Não vejo, quer da parte da tutela do Ministério do Ambiente, quer da tutela do Ministério da Agricultura, ninguém preocupado com a actividade cinegética, porque houve zonas de caça que arderam na sua totalidade”, disse.
Este responsável adianta que se está a falar de um património cinegético que, em alguns casos, tem mais de 30 anos e que foi completamente dizimado.
Hélder Ramos explica que existe legislação que permite caçar, 30 dias após um incêndio, e adianta que tudo se resume a uma questão de alteração da legislação, “assim os Ministérios do Ambiente e da Agricultura tivessem coragem de alterar a lei”.
“Nas áreas ardidas nem sequer se deveria poder caçar, visto que a área que ardeu é três ou quatro vezes mais do que em anos anteriores. Nestes casos, nem sequer deveria abrir a caça no terreno livre para todas as espécies. Não faz sentido. Tudo o que está ardido deixa de ter defesas para os animais”, sustenta.
O presidente da FPC adianta que vai pedir na terça-feira uma audiência com carácter de urgência aos ministros do Ambiente e da Agricultura para abordar estas e outras questões relacionadas com a actividade cinegética.
Neste âmbito, defende ajudas ao regime ordenado, como a abolição do pagamento da taxa como incentivo à reposição da sinalização e à continuidade do repovoamento nas zonas de caça afectadas em 50% ou mais de área ardida.
Já em relação ao terreno livre e uma vez que considera que o próprio Estado é incapaz de o gerir, defende a proibição total da caça durante um período provisório.
À Lusa, a associação ambientalista Quercus realçou também o “impacto” que os fogos têm nas espécies cinegéticas e em todas as outras.
“São fortemente afectados por estes incêndios e deixam de ter áreas de alimentação e de refúgio, o que vai ter um impacto directo ao longo dos próximos meses”, explicou Samuel Infante, da Quercus.
Este responsável realçou ainda o impacto directo dos fogos, que mataram imensos animais.
Samuel Infante explicou também que existem mecanismos legislativos, que em anos anteriores já foram utilizados, para que não se cace durante uma ou duas épocas. “Tudo isto deve ser agilizado. Não se pode deixar passar meses, devem ser tomadas medidas imediatas”, concluiu.
in:sapo.pt
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