esquece-te dos pronomes possessivos.”
(António Cabral)
Extinta Linha do Tua |
Foram muitas as personalidades do sector agrícola, ambientalistas, do mundo das artes e do desporto, que ergueram em uníssono as suas vozes, alertando para a destruição de um vale onde o vinho de letra A ali produzido, proveniente de castas excelentes, o tão afamado Vinho do Porto, gerado no Douro, corria sérios riscos.
O Tua, rio considerado por muitos um dos últimos rios da Europa em estado selvagem, foi pois condenado. Ninguém lhe valeu. Nem a UNESCO que, em 2001, classificou a região onde ele habita de património mundial da humanidade e da qual ele faz parte integrante. Que poder venceu a UNESCO???!!!
O pedaço de linha que percorri, desde as Caldas de S. Lourenço até ao Amieiro, deu lugar a um caminho pedregoso, deserto, abandonado entre fraguedos monumentais, despojado de seus carris, tropeçando-se aqui e ali em destroços de madeira, inaugurados em tempos pelo rei D. Luís I, e que por ali ficaram agora esquecidos sem préstimo algum.
“Para lá do Marão, mandam os que lá estão, mas por estes dias a sensação é de que quem mora junto ao Tua manda muito pouco.” (in Visão)
Também o rio indomável e revolto vai perdendo força. Na verdade, da foz até à aldeia do Amieiro já se não ouve o seu grito rebelde e entre margens declivosas vai pouco a pouco emudecendo. Depois… quem sabe? A gente que por ali ainda resiste, em vez das suas hortas, das suas vinhas e olivais em socalcos, dos seus laranjais e sobreirais, poderá praticar desporto aquático, passear de barco, ficará isenta da factura da electricidade e pescará achigãs predadores de bogas e barbos por aqui tão procurados no Calça-Curta.
“Se fores ao Tua
esquece-te dos pronomes possessivos.”
Escrito por Alzira Cabral
in:atelier.arteazul.net
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