(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Vem da horta. O feixe de lenha pesa-lhe mais do que os anos! Que dias frios…mas que dias…Longos e frios! O lume vai arder no aconchego da casa…Haja Deus! Os filhos. Tantos! O mundo é maior do que a sua horta onde há sempre couves e um poço que canta.
- O senhor fala com o meu filho mais novo… ele disse-me! Ele disse-me! Ele está bem?!
Lágrimas muitas… olhos de pôr-do-sol! Aperta o xaile como quem arrecada as mágoas. Tantas!
- Ele está bem… claro que está bem… falo com ele às vezes no Facebook.
Resiste ao desemprego…resiste à escravatura…resiste à Europa!
- O seu menino está bem… e gosta muito de si!
- Ele disse que gostava de mim?!
…disse que sim!
Eu nunca lhe ouvi dizer palavras de gostar… mas eu digo que sim… que gosta muito da mãe!
…aquele filho gosta tanto de mim! Olhos de noite…lágrimas antigas!
…ele virá pelo Natal?!
Logo… logo vem… ele gosta muito de si!
- Pois vem!…
O lume tarda em arder!
… envelhece!
O filho há-de vir um dia!
…para o funeral!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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