E se o comboio voltasse a apitar nas linhas férreas transmontanas? É uma ideia que com certeza já passou pela cabeça de todos os que por cá vivem, ou pelo menos dos que recordam com saudade o tempo em que o comboio era a nossa ligação ao mundo.
Nos Conselhos Raianos o regresso do transporte ferroviário foi uma das hipóteses que mais gerou discussão e o próprio organizador dos debates Francisco Alves, não esconde que entre todas as medidas discutidas, essa era a que mais impacto teria em todos os sentidos caso fosse implementada.
“Eu acredito muito, tal como toda a Europa. Cada vez há mais utilizadores de ferrovias, o comboio é um grande transporte de futuro, ajuda a economia porque transporta mercadorias e eu gosto muito disso. Mas isso é a minha opinião pessoal agora vamos tentar resolver aquilo que for necessário e que for possível, em conjunto com os autarcas vamos tentar resolver o problema.”
Mas se apesar de todas as provas, estudos de viabilidade financeira, impacto ambiental e importância económica apresentados nestes conselhos, por diversos especialistas na área, ainda há muitos que acreditam que o regresso do comboio é apenas uma utopia. A melhoria dos acessos rodoviários, em concelhos mais isolados, e um aeroporto em Bragança são outras soluções que os transmontanos que participaram nestas sessões esperam ver implementadas rapidamente.
Em suma, são 14 páginas de resoluções sobre as comunicações e as acessibilidades, rodoviárias, ferroviárias, aéreas e fluviais, na região, foram levadas a discussão na última sessão dos Conselhos Raianos, que decorreu no sábado em Vila Flor.
As propostas apresentadas serão entregues agora ao Governo para que veja as reivindicações saídas destas sessões de debate público.
Para o presidente da Rionor, esta maratona termina mas é importante que se continue a trabalhar sobre os frutos que deu e começar a pensar na próxima.
“Conseguimos um conjunto, um documento escrito com os anseios de uma população. Esta é uma etapa ganha e gratificante, altamente gratificante. Nós sozinhos não vamos a lado nenhum, ou os autarcas se entendem, deixando as cortes partidárias pra fora, e unem-se à sociedade civil. Agora é outra etapa vamos com certeza apresenta-las ao primeiro-ministro e ministros interessados, a junta de Castilla e Léon. Temos um documento que não é nosso é um documento colectivo, temos que lutar por ele e ver o que se pode concretizar, também não podemos fazer tudo num dia.”
Fernando Barros, o presidente do município anfitrião da sessão de encerramento destes conselhos, considera que além de toda a discussão e ideias que foi possível retirar é importante conseguir mostrar aos governantes que o povo tem opinião e voz.
“Temos de fazer sentir a quem nos governa, tanto em Portugal como em Espanha, que aqui há gente que pensa, gente que sabe o que quer fazer e como quer.”
Terminou assim mais uma jornada destes laboratórios de participação pública onde as propostas dos cidadãos serão agora dadas a conhecer ao governo. Quanto aos conselhos raianos ficou a certeza de que deverão regressar novamente no próximo ano.
Escrito por Brigantia
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