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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Francisco Velasques

No pavimento da Sé de Miranda do Douro há uma campa de granito, brasonada, com o seguinte epitáfio: «De. Fran / cisco Vellasq / ...Mestr / e. que foi desta. Sé. 1576.»
Supusemos a princípio que se tratasse de algum mestre-escola, dignidade do Cabido,muitas vezes só indicada com o título de «Mestre», o Mestre, nos documentos, dada a estranheza de um mestre-de-obras ter brasão, mas realmente é de Francisco Velasques, mestre(-de-obras) que foi desta Sé (falecido em 1576), que se trata.
O Dicionário histórico e documental dos Arquitectos, de Sousa Viterbo, tomo III, pág. 390, traz o epitáfio de João Moreno, mestre que foi da obra desta sé, existente na sua sepultura no mosteiro da Batalha; na pág. 257 traz dois epitáfios em que se dá, num deles, só o título de mestre ao arquitecto sepultado debaixo da campa funerária, e no outro o de mestre das obras do reino, e na pág. 58 transcreve o epitáfio de Júlio Simão, cavaleiro fidalgo da casa de el-rei mestre arquitecto das obras desta Sé [de Goa] e de sua mulher Catarina de Bustamonte e herdeiros (ver o artigo Bustamonte, pág. 54).
Também em várias cartas régias e outros documentos, transcritos na mesma obra, se encontra frequentemente o título de mestre das obras de pedreiro, de carpinteiro, etc.; e muitas vezes, como se conclui dos documentos, o título mestre das obras de pedreiro ou de pedraria, é sinónimo de arquitecto (ver artigo Camelo, pág. 74).
Velasques era o mestre e empreiteiro que em 1560 trabalhava na obra da Sé de Miranda, e a 9 e 20 de Maio desse ano obteve duas cartas de privilégios, em que el-rei, atendendo à petição de «Francisco Velasques, mestre e êpreyteiro da obra da Sé da cidade de Mirãda», ordena lhe sejam fornecidos em Miranda os mantimentos necessários, comprados à custa do mesmo mestre, para si e oficiais enquanto a obra durar, e manda ao juiz, vereadores, procurador e almotacés da cidade lhos dêem, sem demora, pelos preços da terra.
Pela carta de 20 de Maio, manda el-rei, atendendo à petição de «Francisco
Velhasques, mestre da obra da Sé da cidade de Mirãda», que lhe dêem para ele e oficiais casas de aluguer enquanto trabalharem na obra, que pagarão por seus dinheiros.

Falando desta obra, diz Sousa Viterbo no já citado Dicionário:
«A diocese de Miranda foi criada aproximadamente pelo tempo da de Leiria, por conseguinte contemporâneas as duas respectivas catedrais. Esta circunstância é muito importante para a história da arquitectura no nosso paiz, pois o seu estudo comparado nos pode comprovar se elas obedeceram aos mesmos principios técnicos, se havia então um estilo predominante ou se os mestres que as construiram seguiam escolas diferentes.
No primeiro volume deste Dicionário, no artigo relativo a Jorge Gomes, aventamos a opinião de que ele seria o primeiro arquitecto da obra, mas temos de reconsiderar e de emendar a mão. De 15 de Dezembro de 1547 existe uma extensa carta assinada pelo bispo e dirigida a Sua Alteza, em que lhe acusa a recepção de uma carta sua com o debuxo da obra, uma e outra cousa trazidas por Gonçalo de Torralva, que parece ter sido o autor desse debuxo e portanto seu primeiro arquitecto. O bispo encarece-o muito e recomenda-o a el-rei como competentissimo para ser encarregado da direcção da obra. Se D. João III acedeu efectivamente ao pedido do bispo não sabemos, pois na correspondência episcopal não tornamos a encontrar vestigios dele. Em carta de 18 de Março de 1548 participa o bispo a chegada de Jorge Gomes com os mestres de pedra e cal e cavouqueiros. Seria este Jorge Gomes o arquitecto que em 1559 estava tirando a planta de Tanger?
Quem era Gonçalo de Torralva? Muito provavelmente irmão de Diogo, que foi mestre das obras do mosteiro dos Jerónimos, em Belem, e construtor do belo claustro de Tomar, erroneamente denominado dos Filipes......
Em 1560 era mestre empreiteiro da obra da Sé de Miranda Francisco Velasques ou Velhasques, muito provavelmente espanhol, a quem foram concedidas duas cartas de privilégio» [atrás mencionadas].
No tomo IV, pág. 521, destas Memórias transcrevemos outros documentos, por onde se conclui que nem Jorge Gomes nem Gonçalo de Torralva foram os arquitectos do debuxo (planta) da Sé de Miranda, mas sim Miguel de Arruda (nos documentos lê-se «da Ruda»), famoso arquitecto do mosteiro da Batalha em 1533, irmão de Pedro de Arruda, também não menos notável, e próximo parente de mais quatro arquitectos de apelido Arruda, largamente notificados por Sousa Viterbo.
Em 1541 e 1543 Miguel de Arruda foi, por missão régia, inspeccionar, como arquitecto, as fortalezas de Ceuta. Traçou o plano da fortaleza de Moçambique, superintendeu nas obras dos paços reais de Santarém, Almeida e Muge e em várias outras obras de valor artístico.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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