(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Anda a classe política e a sociedade em geral, preocupadíssima com o envelhecimento da população.
Além de lapidarem o sistema de saúde, porque os idosos recorrem mais ao serviço hospitalar, desequilibra o orçamento da Segurança Social, visto haver mais a receber (pensões), do que a pagar.
Como resolver o problema?
Aumentar a natalidade? Fomentar a entrada de emigrantes? Diminuir pensões? Não sei.
Talvez a insistência, com que se fala de eutanásia, venha a ser o meio de o minimizar. Meio, que só em pensar, é hediondo! …
Entretanto, largos milhares de idosos vivem marginalizados. (São mais de 45 mil, que a GNR conhece!)
Falecido o conjugue, há três caminhos: ir para casa dos filhos (se os há); recolher a casa de repouso; ou ficar isolado em casa.
A primeira hipótese, nem agrada ao idoso, nem à família, porque : a casa dos pais, é sempre a dos filhos, mas a destes pode ser ou não…
A segunda: acolher-se a lar, nem sempre é possível, porque passaram a cobrar mensalidades incompatíveis com as pensões que recebem. A única hipótese, é, permanecerem na sombria solidão de sua casa, vivendo de recordações, e sustentando-se da magra pensão.
O que tem feito o Estado e a sociedade, para minorar a situação?
Pensam construir lares decentes, onde os idosos possam viver num ambiente confortável? Penso que não. Quanto muito, colocam-nos em “depósitos”, onde passam os dias diante de aparelho de TV, com mantinha nos joelhos, e noites em dormitórios, com mais ou menos companheiros.
Tenho amigo, que vive em constante preocupação. Conseguiu (quase por milagre!) obter lar decente, que recebia de jóia quase setenta mil euros, passando a contribuir, mensalmente, com oitocentos euros.
Mas… recentemente, foi informado, que as condições haviam sido alteradas: acabou a jóia, mas a mensalidade passou, para mil e oitocentos euros!...
Se a classe média, já não pode pagar as propinas, dos filhos, (como dizem), como conseguirá entrar numa casa de repouso?
E qual a razão de tão elevada mensalidade, incompatível para a classe média?
Respondeu-me, em profunda mágoa, meu amigo Alberto:
-”Dizem, que se deve ao facto dos europeus, e até brasileiros, terem descoberto, que com suas reformas, podem ocupar lares decentes, e até luxuosos, no nosso país, o que nem sempre lhes é possível nos seus.”
Não sei se é verdade; mas, se assim for, a situação dos idosos é cada vez pior.. Não vim, com esta crónica acusar, seja quem for, por essa aflitiva situação; mas alertar a colectividade para a situação dramática em que vivem muitos idosos.
Não cuidar dos nossos velhos, não é cristão, nem humanamente correcto.
Não será tempo de passarmos, de palavras caridosas, a actos? …
Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".
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