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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 26 de março de 2019

Mirandela tem um projeto pioneiro para ensinar às crianças o que é o Alzheimer

É preciso contrariar a tendência enraizada na sociedade de esconder das crianças o que é o alzheimer e outras demências, porque muitas vezes são elas que até podem ajudar os familiares sinalizados com essas doenças.
Quem o diz é Marisa Fernandes, responsável do Gabinete de Alzheimer de Mirandela, que está a funcionar desde 2014, e que tem sentido que este é o principal problema que assola familiares e cuidadores de doentes que sofrem de demência:

“Por norma, o que mais preocupa as famílias é como vão dizer às crianças que o avô está a ter aquele comportamento que é completamente estranho, ele que por norma é uma referência e lhes ensinou a comer à mesa e a saber estar, e naquele momento começa a ter um comportamento desadequado que as crianças não conseguem entender. O ponto mais difícil é tomarmos a decisão de que vamos contar à criança que aquele comportamento do avô, ou do familiar que tem demência, não é normal e faz parte de uma doença. Mas a partir do momento que passamos esta informação à criança, ela torna-se a nossa maior aliada. Por exemplo, quando as pessoas com demência são contrariadas e forçadas a comer, tornam-se agressivas. Portanto, uma das estratégia que temos é dizer às famílias que tentem pedir às crianças que sejam elas a fazer o pedido ao avô para vir para a mesa, o que normalmente funciona.”

Precisamente para facilitar essa comunicação às crianças do que é a doença de alzheimer e outras demências, foi recentemente criado um projeto pioneiro que já está a ser desenvolvido junto das escolas, que passa por sensibilizar as crianças para o assunto com recurso a uma mascote que é o centro das atenções de uma aplicação digital criada por alunos do IPB.

A pedido da Associação Alzheimer Portugal, em parceria com o Gabinete de Alzheimer de Mirandela, um conjunto de alunos da licenciatura Design de Jogos Digitais da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo de Mirandela, concretizou um projeto de criação de uma mascote para sensibilizar a população mais jovem para uma das doenças mais incapacitantes que afeta milhares de pessoas, como explica Marisa Fernandes, do gabinete de alzheimer de Mirandela:

“Surgiu a ideia de fazer uma mascote, ou seja um boneco simbólico que possa ensinar os meninos o que é a demência. Lançamos depois ao Professor Luís, para nos ajudar a desenvolver este projeto com os alunos dele aqui da escola. A ideia é mesmo esta, é criar uma  imagem representativa que possa ajudar o gabinete a explicar às crianças o que é a demência.”

Foi um desafio que os alunos acolheram com muita motivação e o resultado final é brilhante, confessa Luís Pires, o diretor da ESACT de Mirandela:

“A partir de um desafio que inicialmente tinha algo de mais físico e como nós somos um instituto caraterizado por uma grande componente tecnológica, temos um dos cursos que é Design de Jogos Digitais, portanto precisamente orientado para as redes sociais, jogos, etc. E portanto, os alunos olharam para aquilo com um brilho nos olhos fantástico e resolveram logo acolher o desafio e transformar essa mascote física, àquilo que são as necessidades e a usabilidade da sociedade de hoje. É muito engraçado quando nós vemos míudos muito pequeninos a apontarem logo o dedo para telemóveis, computadores e etc. Portanto é essa a apetência, tentando levar aqui a tal mensagem que o GAM queria transmitir, nada melhor do que transformá-la nesta vertente tecnológica. “

O processo foi longo e resultou numa forma inesperada que combinou um elefante e um peixe com várias cores. Mas tudo tem a sua explicação lógica, adianta Marisa Fernandes:

“As crianças associam ao elefante a memória, mas já o peixe é considerado o animal com menos memória, daí a ter surgido esta junção. A mascote tem uma cabeça de elefante, mas tem uma parte de peixe, ou seja, permite-nos explicar às crianças que as pessoas, normalmente, têm muita memória, quando são saudáveis, mas, com o progredir do Alzheimer ou de qualquer outra demência, essa memória vai-se perdendo.

Mas este boneco tem outras características, é multicolor. Inicialmente era branco, depois surgiu a ideia de contarmos a história a meninos de uma escola da Nossa Senhora do Amparo e pedir para que eles próprios o pintarem. Foi engraçado porque percebemos que a maioria deles não pintou o nano de uma cor, colorindo-o o que lhe deu um toque especial, foi colocar-lhe um coração. Porque provavelmente nós conseguimos passar muito bem a mensagem que é dizer que estas pessoas querem que nós cuidemos delas com o coração, que tenhamos muita paciência, muito amor e carinho e que esse é o sucesso para cuidar de alguém com Alzheimer.”

O Peixe-Elefante mereceu uma menção honrosa da Associação Alzheimer Portugal e já beneficiou de um fundo atribuído pelo orçamento participativo da Ordem dos Enfermeiros para que durante o ano de 2019, grande parte das escolas do distrito de Bragança recebam a visita desta mascote e que os mais novos percebam o que é esta doença de alzheimer.

Mais não é do que morte das células cerebrais e consequente atrofia do cérebro, com causas e tratamento ainda desconhecidos. Os doentes de Alzheimer tornam-se incapazes de realizar a mais pequena tarefa, deixam de reconhecer os rostos familiares, ficam incontinentes e acabam, quase sempre, acamados.

Um projeto pioneiro, nasceu, em Mirandela, com o conceito de uma mascote, um peixe-elefante, para ajudar a ensinar às crianças o que é o alzheimer e outras demências.

INFORMAÇÃO CIR (Terra Quente FM)

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