Era uma vez dois irmãos: O Zé Pequeno e Zé Grande. O Zé Grande, um dia, saiu de casa e foi servir. Encontrou um patrão e justou-se.
O patrão disse-lhe:
- O primeiro que se negar até cantar o cuco, tira-se-lhe uma correia das costas.
Justou-se com ele.
O patrão diz-lhe:
- Vais buscar um carro de lenha da mais torta que houver.
Ele foi e não a encontrou. No outro dia mandou-o a buscar lenha da mais direita que houvesse; não a encontrou.
O patrão diz-lhe: - Estás arrependido?
- O criado disse que sim.
Então o patrão tirou-lhe uma correia das costas e mandou-o embora. Chegou a casa chorando. Contou o que se tinha passado.
O Zé Pequeno disse:
- Agora vou eu e hei-de trazer duas correias, a tua e a dele.
Assim foi. Bateu à porta do patrão e disse:
- Não querem para aqui criados?
- Nós tivemos cá um. Não se aguentou até cantar o cuco, e foi-se embora.
O Zé Pequeno disse:
- Mas eu sou capaz de me aguentar até cantar o cuco.
O patrão justou-o e disse-lhe:
- O primeiro que se negar até cantar o cuco tira-se-Ihe uma correia das costas.
O Zé Pequeno disse: - Está bem.
Mandou-o jungir os bois, pô-los ao carro, e ir buscar lenha da mais torta que houvesse.
Foi à vinha, cortou cepas e levou-as para casa.
Diz- -lhe: - Já está arrependido?
O patrão já estava, mas disse que não. Mandou-o buscar lenha da mais direita que houvesse. Foi ao pinhal, cortou pinhos dos mais direitos e levou-os para casa.
Perguntou-lhe:
- Já está arrependido?
O patrão dizia que não. Como ele era capaz de fazer tudo, um dia, mandou-o para o lameiro com as vacas. Mandou a mulher a pôr-se na ponta dum carvalho a cantar como o cuco, a ver se ele se arrependia. Ele ouviu. Foi a casa do patrão, que era caçador, pediu-lhe a espingarda para matar a cuca que cantava no carvalho. Ele foi e matou a mulher. Veio para casa e disse:
- Já está arrependido, patrão?
Ele disse: - Ah ladrão que me mataste a mulher. O patrão arrependeu-se.
Então o Zé Pequeno disse:
- Vou tirar-te duas correias das costas. Uma para mim e outro do meu irmão e assim acabou a história do Zé Pequeno e do Zé Grande.
RECOLHA (1985) de Fernando dos Santos Esteves, Saldanha – Mogadouro.
FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA
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(Henrique Martins)
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