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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 29 de setembro de 2019

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Hoje a aldeia está deserta e os imensos olivais animaram-se na urgência da apanha da azeitona. Sim porque para a semana vai chover… e depois quem é que apanha a azeitona?!
De oliveira, em oliveira… estendem-se os lençóis… batem-se os ramos e as azeitonas vão caindo numa promessa de lagar, azeite fino que faz adivinhar a mesa farta… as batatas com grelos… a alheira assada… tudo regado com um fiozinho de azeite.
… louvado seja Deus! 
O filho ficou de vir para ajudar os pais idosos a apanhar a azeitona… ainda não veio… está na Polícia… longe que eu sei lá… e quem tem patrão é assim mesmo… a azeitona que espere… os pais que envelheçam… até ao dia em que os filhos regressam para o funeral!
…talvez tenha sido má ideia, eu e tu, termos ido a estudar… talvez fosse melhor termos ficado aqui… irmos à azeitona… comermos a merenda… olhar as estrelas para ver se vai chover… matarmos o porco pelo Natal… e envelhecermos juntos!
… mas não foi assim… temos que regressar de novo… e quantas vidas serão precisas para acertarmos no caminho?!
… não liguem… coisas minhas... vou ver se o lagar já abriu… espreitar a fornalha e fazer uma torrada com azeite novo…. que é mezinha… para muitos males… da alma e do corpo.
… podia ter sido pior!.

Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

1 comentário:

  1. Um texto contundente, vigoroso, verdadeiro, real.
    Ah, se eu tivesse esse dom.....
    Ave,Sr. Calado!
    Quão grande é sua escrita!
    Hosana!

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