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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Roberto Leal embaixador luso-brasileiro de eleição

Nasceu em  15/11/1951, em Vale da Porca, concelho de Macedo de Cavaleiros. Pelo batismo chamou-se António Joaquim Fernandes. Mas cedo se fez músico com o nome artístico de Roberto Leal. Oriundo de família numerosa e pobre,entendeu emigrar para o Brasil em 1962. Em 1971 gravou o seu primeiro, que lhe valeu o top brasileiro. Desde logo deambulou entre o Brasil e Portugal, sempre em ascensão artística. Nessa altura fixou residência em Sintra e no Brasil. 
O Jornal Notícias de Trás-os-Montes, que se publicava em Lisboa noticiou, em caixa alta, que em 1995 já tinha vendido nessa altura dez milhões de  discos. No Dicionário dos mais ilustres Trás-os-Montes, saído em 1998, lia-se que até essa data Roberto Leal já tinha conquistado mais 500 prémios e condecorações pela Diáspora da Portugalidade, pois os caminhos da Lusofonia, cruzaram-se do Oriente a Ocidente. E os discos de Roberto Leal, eram bagagem obrigatória, ao lado de Linda de Suza, Amália, Carlos do Carmo, António Sardinha e Alfredo Marceneiro. Lê-se ainda neste Dicionário «que participou em mais de seiscentos programas de televisão e entre 1995 e 1996, foi responsável de um programa musical da sua inteira responsabilidade. Mas com a mudança de governo foi «saneado» e o famoso cantor  teve de regressar, definitivamente ao Brasil, com a mulher e filhos. 
Toda a sua música primava pela temática da Portugalidade, da Família, da humanismo cristão. Aqueles que, antes e depois,  da revolução dos Cravos, tiveram de emigrar para sobreviver, reviam-se nessa temática que alegrava o corpo e a alma.

Mas nesses anos apostados no desmantelamentos dos usos e costumes, os quadros políticos,   já medravam no lamaçal da sociedade. Ser cidadão aprumado, limpo, cioso dos seus descendentes, dos seus hábitos, contaminou-se. E depressa os vícios ultrapassaram os bons costumes, os nobres princípios propósitos de privilegiar os valores nacionais.

Tive o privilégio de, em 1987, na qualidade de vereador da Cultura da Câmara de Guimarães, convidar Roberto Leal, para dar um espetáculo musical, com a sua banda. Esse espetáculo decorreu no centro do Estádio Municipal da Cidade. Com o palco, devidamente preparado, contou com muitos milhares de presenças,  porque Roberto Leal, nessa altura, gozava de grande popularidade e o show tinha entrada gratuita. Celebrava a cidade Berço, com essa animação o dia das Comunidades Luso-Brasileiras. Só nessa altura o conheci pessoalmente. Mas nunca deixei de o admirar.

Dia 15 de corrente soube da sua morte pelas diferentes televisões. Se fiquei triste pela sua perda, tive, por outro lado, a oportunidade de verificar que os diversos canais televisivos, que apenas costumam trazer à luz do dia, os artistas da cidade – desta vez – fizeram justiça a um enorme Português, que passou a vida a alegrar os palcos, os auditórios e recintos públicos com temática Lusófona, em linguagem fraterna, nacionalista e cristã, sem vergonha, como tantos outros, da usar a nossa maior riqueza que é a Língua.  Saúdo o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, pela justa, oportuna e ajustada mensagem que traduz o que deixo dito. Confirmou que foi  uma perda muito significativa” para a comunidade portuguesa no Brasil e que o cantor “simboliza” uma geração de emigrantes que ultrapassou preconceitos e dificuldades.

Liderou uma geração que, «com a sua força, trabalho e mérito, conseguiu vencer os preconceitos e fazer-se respeitar. Trouxe ao Brasil outra imagem do país e de Portugal”,  evocando as “décadas de 50 e 60”.

O governante nota que os portugueses deixavam um país “muito pobre” e eram vistos como “vindo de um regime atrasado”. “Ele era o símbolo da música tradicional e popular portuguesa, numa síntese cultural com as manifestações musicais do Brasil. Foram recriadas e adaptadas aos tempos diversos”, acentuou. Tratava-se de um espírito determinado, com um enraizamento muito forte nas origens, fazendo delas uma força que o fez ser reconhecido e admirado no Brasil.»

Justíssimas palavras do Governante que mostra compreender o papel deste cantor Transmontano, como agente cultura da Lusofonia Transmontana.

Espero que o PR da República se digne atribuir a este cidadão Luso-Brasileiro o troféu que a sua passagem pela vida justifica, tendo em conta os critérios que tem usado para com outros que, nem de perto nem de longe,  fizeram o que Roberto Leal fez.


Barroso da Fonte
in:diariodetrasosmontes.com

1 comentário:

  1. As palavras mais precisas e justas que lí, reconhecendo a GRANDE obra e legado de Roberto Leal a comunidade luso-parlante. Eu que o diga, que não sendo de um país de cultura lusa, já que sou uruguaia, sou capaz de reconhecer o aporte deste grande homen que foi Roberto Leal.

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