A década que está quase a terminar será a mais quente desde que existem registos, revela hoje um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
“O ano de 2019 encerra uma década de calor global excepcional, recuo dos glaciares e recordes na subida do nível do mar, por causa das emissões de gases com efeito de estufa das actividades humanas”, segundo um comunicado da OMM.
As temperaturas médias para o período de 2010 a 2019 “serão, certamente as mais altas desde que existem registos”.
Em relação ao ano de 2019 (de Janeiro a Outubro), a temperatura média global foi de 1,1 graus Celsius acima dos níveis do período pré-Revolução Industrial.
As concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera atingiram um nível recorde de 407,8 partes por milhão em 2018 e continuaram a subir em 2019. “O CO2 perdura na atmosfera durante séculos e no oceano ainda por mais tempo, consolidando assim as alterações climáticas.”
Estes dados são uma das conclusões do relatório provisório sobre o estado do clima global, da responsabilidade da OMM.
Ainda segundo este relatório, a subida do nível do mar tem acelerado desde o início das medições por satélite, em 1993, por causa do derretimento das calotas polares na Gronelândia e na Antárctica.
Mas não é só isso que está diferente nos oceanos do planeta. A temperatura das águas está no seu máximo e têm sido registadas ondas de calor marinhas. A água do mar está hoje 26% mais ácida do que no início da era industrial. “Ecossistemas marinhos vitais estão a ser degradados.”
“Se não tomarmos medidas climáticas urgentes imediatamente, estaremos a aproximar-nos de um aumento das temperaturas superior a 3 graus Celsius até ao final do século, com impactos cada vez mais devastadores para o bem-estar humano”, comentou, em comunicado o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
O responsável lembrou o clima “extremo” e “anormal” vivido em 2019, desde os incêndios na Austrália, aos ciclones tropicais no Japão, Moçambique e Bahamas.
Um dos principais impactos das alterações climáticas são padrões de precipitação mais erráticos, acrescentou. “Isto é uma ameaça às culturas agrícolas e, combinado com o aumento da população, vai significar desafios consideráveis à segurança alimentar em países vulneráveis.”
Os desalojados do clima são outra das consequências desta emergência climática. Entre Janeiro e Junho deste ano foram registados mais de 10 milhões de novos deslocados, sete milhões dos quais causados por eventos como o ciclone Idai em África, o ciclone Fani na Ásia, o furacão Dorian nas Caraíbas e as inundações no Irão, Filipinas e Etiópia.
Este relatório é um contributo às negociações na COP25 (Conferência das Partes) da Conferência das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, a decorrer em Madrid de 2 a 13 de Dezembro, e complementa os relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês).
O relatório final sobre o Estado do Clima relativo a 2019 será divulgado em Março de 2020.
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