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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

… VIDAS

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Meu avô, Manuel Joaquim Calado, nasceu em 15 de abril de 1872 e faleceu, já com uma certa idade, em 19 de novembro de 1916, tinha 44 anos
A minha avó, Maria da Conceição Oliveira, nasceu a 16 de março de 1875 e faleceu a 7 de dezembro de 1938. Ficou muito doente. Ainda chamaram o médico de Bragança. Lavou as mãos, auscultou a enferma e concluiu, muito sério: - Não há nada a fazer!... Gastou-se como uma vela!
Era muito velhinha, tinha 63 anos.
Enviuvou quando tinha 41 anos. Ficou sozinha com três filhos e uma estalagem para aturar. Era preciso fazer batatas à espanhola para os almocreves e acomodar as montadas no palheiro… gastou-se.
Em 1918 teve muito medo da pandemia… e dos almocreves, ciganos e pedintes que vinham de longe… alguns morriam no palheiro… só por milagre resistiu à peste, pois já tinha 43 anos.
… os soldados que vinham da grande guerra contavam horrores de mortes e desgraças tantas… ela benzia-se e encomendava-se a São Sebastião.
… fizeste bem meu homem, meu Manuel, não teres comprado a capela de São Sebastião, quando em 1911, aquele republicano de Bragança, anticlerical, ta queria vender por umas cascas de alho… e fazia-te tanta falta para armazém!
… mas a pandemia passou… e assististe a tantos funerais e tu resististe… São Sebastião… protegeu-te agradecido.
…Um pobre vindo de longe contou-te que em 1917 uma santinha tinha aparecido em Fátima… longe que eu sei lá… e em 1918 todos os dias rezavas o terço em honra da santinha de Fátima… para que livrasse o mundo da fome, da peste e da guerra…
… vidas… resististe minha menina… minha avó, a tantos males, a tantas mortes e felizmente morreste muito velhinha com 63 anos.

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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