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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

OS LAMBE-BOTAS

 Uma das maiores dádivas que recebi ao longo da vida, foi a de privar e receber a amizade, apuro na análise do comportamento humano, sem esquecer os conselhos repletos de ironia, dados em filigrana ao longo de décadas pelo arguto e visionário filósofo Orlando Vitorino. 
Como é e foi, comentávamos o fluir do quotidiano, as subtilezas dos malabaristas dos negócios, da política, da composição e poder das famílias poderosas, dos lambe botas e manteigueiros em geral, dos existentes na Instituição na qual trabalhávamos. 
O autor da Refutação da Filosofia Triunfante, e da Exaltação da Filosofia Derrotada, tolerava com ironia os manteigueiros, abominava e zurzia sem piedade os rastejantes de língua de fora a salivarem baba nas botas, botins e sapatos dos decisores e adjuntos. A um adjunto chamou e escreveu que não passava de um Nulo abre portas nos corredores alcatifados.
O Homem que contemplei vezes sem conta a escrever de jacto documentos de enorme densidade e doutrina, da mesma forma um livro destinado a crianças, uma peça de teatro e/ou ensaio relativo a pensadores da estirpe de Aristóteles, Maquiavel ou Nicolau de Cusa. 
O leitor perguntará: porque carga de água (que escasseia) trago à colação o também cineasta Orlando Vitorino, tecendo considerações referentes à praga de lambe-botas tão comum na sociedade portuguesa? Porque a Instituição das nossas vivências profissionais mudou de timoneiro há pouco tempo e, os referidos passadores de saliva nos sapatos andam numa roda-viva a escreverem loas ao Senhor em causa, tendo o cuidado de nomearem antigos dirigentes de igual estatuto não vá o Diabo ser tendeiro exercitando ciúmes do ora na fruição da reforma porém, atentos ao cair das folhas do jardim das delícias e memórias vivas, discretas e secretas daquele centro de poder tão vigiado no Estado Novo, tão escrutinado e apetecido desde sempre. 
O filósofo declinou convites de direcção, a burocracia aborrecia-o, a opacidade dos gabinetes de igual modo, amante e amigo da liberdade retirou-se abruptamente para o seu amado Alentejo quando os lambe-botas o quiseram manietar. Ele defendia a Escola Formal e a «razão animada». 
A mulher do ferreiro Venâncio de Lagarelhos estava sempre de acordo com as comadres e compadres, originava risos e dichotes, os lambe-botas dão asco. 
O saudoso Filósofo a todo o tempo lembrava o menino travesso a desmascarar o rei nu!

Armando Fernandes

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