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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Igreja de São Ciríaco, Sanceriz. Diácono e Mártir, Orago único concelhio!

 A aldeia de Sanceriz pertence à freguesia de Macedo do Mato, juntamente com Frieira, situada no extremo-sul do concelho, a 38km de Bragança. Povoado muito antigo, inserido na comarca de Lampaças/arquidiocese de Braga, «Vilar de Senceriz» foi distinguida com Carta de Foral no reinado de D. Dinis, a 24 de junho de 1285. Com pelourinho e casa da câmara, os residentes designados com foro de privilégios estavam isentos de pagamento de portagem em Bragança, tinham a possibilidade de escolher juízes próprios e reger a povoação. Quanto ao padroado ficava na posse real, com entrega de todas as dízimas e direitos eclesiásticos.


Contudo, em 1319 D. Dinis concedeu ao Mosteiro de Castro de Avelãs o padroado de Sanceriz, onde o Mosteiro de Santa Maria do Bouro/Amares (Braga) também teve usufruto. E em 1323 fez aforamento da vila a Afonso Sopico, fidalgo da Casa Real. O pelourinho, implantado no centro da localidade e reconstituído em 1930, data desse tempo: em granito, com soco quadrangular assente numa base de xisto em três degraus, coluna tronco-piramidal de fuste liso e capitel tronco-cónico. A partir de 1545, com a criação da Diocese de Miranda, a paróquia passa a depender do cabido. Unida à vila e concelho de Frieira, é ‘desmembrada’ em 1652. Sanceriz tinha como templos católicos a Igreja matriz de origem medieval dedicada a São Ciríaco, implantada fora do povoado, e a Capela de Santo Ildefonso, no centro do povo, votando esta, em certa medida, aquela ao abandono. Em 1731, decide-se a reedificação da Igreja de São Ciríaco no meio da vila, unindo-se à capela de Santo Ildefonso, mediante aproveitamento desta para capela-mor. Em 1758, referiam as «Memórias Paroquiais» que tinha, como atualmente, o altar-mor e dois altares laterais na nave, embora com diferentes dedicações. No altar-mor, de três eixos, constava o Santíssimo Sacramento, ladeado pelas imagens de Santo Ildefonso, Orago da Capela, e de São Ciríaco, Orago da Igreja. Hoje São Ciríaco figura no trono expositivo, ladeado por Santo Ildefonso e São Sebastião. Os altares da nave, de eixo único, eram dedicados, no lado do evangelho, a São Pedro de Alcântara, frei franciscano do século XVI, e a Nossa Senhora do Rosário, ladeada pelas imagens de São Sebastião e do Apóstolo São Bartolomeu, este com confraria de 250 Irmãos.
No presente, São Bartolomeu substitui São Pedro de Alcântara no altar do evangelho e a imagem de São Sebastião, conforme referido, transitou para o altar-mor. Sanceriz, entre 1836 e 1855, pertence ao concelho de Izeda, transitando para o de Bragança com a extinção daquele. A Igreja expõe fachada principal bem elaborada, definida por delineados cunhais toscanos. O corpo inferior tem portal de verga reta, encimado por frontão triangular alteado, de nicho no tímpano, ladeado por pináculos piramidais com bola e encimado por dois óculos circulares. O nicho assenta em mísula decorada, tem moldura apainelada de volta perfeita e cúpula concheada, expondo a imagem do Orago. O campanário, de dupla sineira com vãos em arco de volta perfeita, assentes em pilastras molduradas e volutadas, é sobrepujado por um terceiro vão mais pequeno, desprovido de sino, ladeado por pináculos, com relógio no frontal e coroado por cruz latina.
O interior da Igreja tem púlpito policromado e balaustrado assente em plataforma escalonada sobre mísula, e os três altares. Os da nave, policromados e confrontantes, encostados ao arco triunfal, diferem entre o barroco tardio do de São Bartolomeu, incrustado em arcossólio, e o rocaille de Nossa Senhora do Rosário, adossado à parede, ambos com mesa em forma de urna. O altar-mor, de mesa paralelepipédica e talha dourada de estilo rocaille, tem os três eixos definidos por seis colunas de fuste espiralado e canelado. O teto, que acompanha a moldura do ático, é em madeira em forma de masseira seccionada por painéis. Diaconus Cyriaci: Docendi, Regendi, Sanctificandi!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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