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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

UMA OPINIÃO SOBRE OS MÉDICOS NO SÉCULO XVII

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Tinha pouco mais de quarenta anos, quando assaltou-me tremenda dor de dentes, o que me obrigou a recorrer, com urgência, ao estomatologista.
Tratou-me de imediato, mas depois, marcava consultas de quinze em quinze dias, para tratamento, que considerava necessário. Só consegui libertar-me, quando – após um ano, – lhe declarei que tinha de partir para o Brasil, desconhecendo a data de regresso.
O demorado tratamento não passava de limpezas e ligeiras correções. Lembrei-me, então, do que lera na " Arte de Furtar", obra do século XVII, de autor desconhecido, embora se desconfie quem era.
Após asseverar, que os portugueses gostam de mimar os médicos, quando se encontram enfermos; conta, que em França, acontece o contrário, pois existe lei, que permite não pagar aos médicos do paço, antes de encontrarem a cura, para que apressem o tratamento. A propósito, conta o caso de um, que curava um espinho, a que chamava apostema, cujo tratamento estava demorado.
Tendo que se ausentar, pediu ao filho, para continuar   aplicando emplastros, até ele chegar.
O filho, ao verificar que havia um espinho encravado, para se mostrar mais destro, que o pai, arrancou-o. Cessaram as dores e o enfermo curou-se, com grande contentamento de ambos.
Chegou o progenitor, e envaidecido, o filho, contou-lhe a descoberta com inaudita satisfação.
Respondeu-lhe, amargurado, o pai:
" Pois daí comerás, pura besta. Não vias tu, selvagem, que enquanto se queixava das dores continuavam as visitas, e se acrescentavam os pagos?
"Secaste o leite à cabra que ordenhaste."
Assim escreveu o escritor, anónimo, do século XVII, sobre os médicos do seu tempo.
Julgo que os contemporâneos, já não têm igual pensar…


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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