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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 28 de junho de 2025

HÁ TARDES ASSIM

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")


 Há tardes que chegam descalças, pousam os passos leves no soalho gasto do tempo, encostam-se à janela, escutam o silêncio das memórias, e fazem do entardecer um colo onde repousam as saudades. Nessas tardes, tudo parece estar no seu lugar — o relógio não corre, a alma não pesa.
Outras vezes a tarde chega, nervosa, ansiosa, e espalha rebeldia pelos cortinados de casa, como se os ventos de dentro quisessem rasgar os tecidos da rotina.
Há qualquer coisa de estranho nessas tardes— um cheiro de chuva distante, um eco de risos que já não se ouvem. Os móveis parecem confidenciar entre eles, e o ranger das paredes murmura nomes que deixámos de dizer em voz alta. Nessas horas, a realidade veste-se de névoa e os pensamentos escorrem pela penumbra.
Hoje, senti a tarde, sentar-se ao meu lado. Cobriu-me com uma manta de silêncio, despenteou-me as certezas, e acordou fantasmas adormecidos.
As tardes, têm destas manias: vestem-se ora de ternura, ora de tempestade. E eu, frágil marinheira do próprio peito, deixo-me levar, embalada, ou naufragada, entre o que foi, o que não foi, e o que gostaria que tivesse sido.
No fundo, a tarde só quer ser ouvida. E eu, tão humana, só quero recordar, mesmo que doa, mesmo que passe.


Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.
Participei nas coletâneas: Poema-me; Poetas de Hoje; Sons de Poetas; A Lagoa e a Poesia; A Lagoa o Mar e Eu; Palavras de Veludo; Apenas Saudade; Um Grito à Pobreza; Contas-me uma História; Retrato de Mim; Eclética I; Eclética II; 5 Sentidos.
Reunir Escritas é Possível: Projeto da Academia de Letras- Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
Livros Editados: O Roseiral dos Sentidos – Suspiros Lunares – Delírios de uma Paixão – Entre Céu e o Mar – Uma Eterna Margarida - Contornos Poéticos - Palavras Cruzadas - Nos Labirintos do Nó.

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