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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ruy Belo

Contigo aprendi coisas tão simples como 
a forma de convívio com o meu cabelo ralo 
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas 
Só tu me acompanhastes súbitos momentos 
quando tudo ruía ao meu redor 
e me sentia só e no cabo do mundo 
Contigo fui cruel no dia a dia 
mais que mulher tu és já a minha única viúva 
Não posso dar-te mais do te dou 
este molhado olhar de homem que morre 
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente
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Este céu passará e então 
teu riso descerá dos montes pelos rios 
até desaguar no nosso coração
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É triste ir pela vida como quem 
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
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Digam que foi mentira, que não sou ninguém, 
que atravesso apenas ruas da cidade abandonada 
fechada como boca onde não encontro nada: 
não encontro respostas para tudo o que pergunto nem 
na verdade pergunto coisas por aí além 
Eu não vivi ali em tempo algum
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Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar 
caminha para o mar pelo verão
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Amei a mulher amei a terra amei o mar 
amei muitas coisas que hoje me é difícil enumerar 
De muitas delas de resto falei
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Ver-te é como ter á minha frente todo o tempo 
é tudo serem para mim estradas largas 
estradas onde passa o sol poente 
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar 
se o tempo existe se existiu alguma vez 
e nem mesmo meço a devastação do meu passado
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Tem o amor a arte de tornar eterno 
aquele que por amor tem de morrer 
e até de morrer jovem amiúde pois os deuses amam 
aquele que perece em plena juventude 
e assim se fixa petrifica e permanece
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Nomeei-te no meio dos meus sonhos 
chamei por ti na minha solidão 
troquei o céu azul pelos teus olhos 
e o meu sólido chão pelo teu amor
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e um olhar perdido é tão difícil de encontar 
como o é congregar ventos dispersos pelo mar
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Terrível é o homem em quem o senhor 
desmaiou o olhar furtivo das searas 
ou reclinou a cabeça 
ou aquele disposto a virar decisivamente a esquina 
Não há conspiração de folhas que recolha 
a sua despedida. Nem ombro para o seu ombro 
quando caminha pela tarde acima 
A morte é a grande palavra para esse homem 
não há outra que o diga a ele próprio 
É terrível ter o destino 
da onda anónima morta na praia


in:astormentas.com

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