Às vezes, por vezes…no fim do dia de trabalho, fico uma meia hora na esplanada de um dos cafés aqui da zona onde, nas calmas, bebo uma cervejita. Olho, com olhar distante, para quem passa e vou cumprimentando os conhecidos. Olho, vou olhando, para os carros que passam…sem ver ninguém. Estou cansado…Hoje , na mesa ao lado, da qual me sentei, estavam quatro "professoras". Falavam alto como se fossem o centro do mundo. Eu, já meio surdo mas não completamente…ia ouvindo.- Já viste? Diferença de 10 euros como pode?...falavam de vencimentos.- Olha, a Madeira já se foi, vamos para o Algarve…já disse à outra blá blá blá.
- Hoje disseram-me que tinha metido silicone nas nalgas…
- Deve ser para teres excelente para o ano que vem. Eu vou meter silicone nas coxas…!
- Olha, uma de Vila-Flor teve excelente dois anos seguidos.
- E é boa? Só pode…
E blá blá blá.
E eu, ia ouvindo porque, apesar de estar meio surdo…ainda não estou completamente.
- Há gente muito invejosa. Precisava de umas fichas e o…..mandou-me procurar na net. Mania de quererem tudo de mão beijada. E eu procurei e encontrei. Fui ao site (deve ter pensado em saîte) da DGCI e lá estava e depois imprimi para todos. São uns invejosos.
A "professora", estava a falar de algo que tinha a ver com alunos estrangeiros, ou seja, uma qualquer particularidade em termos educacionais. Mas ela, CONSEGUIU encontrar o que o outro colega não lhe deu…no site da DGCI (Direcção Geral de Contribuições e Impostos).
Eram umas 18 horas.
Continuavam a falar alto como se nada existisse ao redor delas.
Quem me conhece, saberá a vontade que tive de, lhes pedir licença e, intervir na conversa.
Não o fiz e, por isso, estou aqui agora a contar…talvez, numa busca qualquer no site da DGCI venham aqui “parar” e se revejam.
E festejavam porque amanhã é feriado. Estavam cansadas na esplanada do café…eram 18 horas. E falavam mal dos colegas e da vida e falavam e falavam, como se estivessem ali sozinhas. Eu não sou nenhum portento mas…sou visível.
Eu, ia olhando para os carros que passavam.
Apeteceu-me dizer-lhes:
- Perdoem-me minhas senhoras…permitem-me?
Se elas me ouvissem, o que duvido e, dissessem que podia, dir-lhes-ia:
- Olhem senhoras "professoras". Conheço uma PROFESSORA, da qual vocês gostariam certamente de ser colegas, que sai de casa, todos os dias às sete horas da manhã e, chega por norma, depois das 20 horas.
Essa PROFESSORA, tem 32 anos de serviço, está no topo da carreira e ganha menos do que ganhava há 10 anos atrás.
Para ir trabalhar, faz três horas de estrada todos os dias de Verão e de Inverno. As despesas aos mais variados níveis, refeições, carro…nem são quantificáveis, para não falarmos das questões psicológicas e das implicações em termos familiares. É que chegando a casa… é preciso pensar de imediato em ir deitar para haver uma centelha de força para levantar…daqui a um pouquinho e, empreender uma nova jornada.
Áh…falaram da Madeira. Esta PROFESSORA que eu conheço esteve lá nos idos de 79/80 para trabalhar logo mal acabou o curso…e as senhoras "professoras" estavam onde?
Não entendi de que se estavam a queixar as "professoras"…
E se, antes de darem “barraca” nas esplanadas dos cafés, denegrindo o estatuto que deveriam dignificar, olhassem para o lado…não esteja alguém , se bem que surdo mas ainda não completamente, a ouvir.
Eu, já passada a minha meia horita de esplanada, vim para casa fazer o jantar para mim e para o herdeiro dos meus calotes porque a tal PROFESSORA, de quem eu estou a falar hoje e que saiu da casa dela às 07.15 da manhã…deve chegar a casa lá para as 22 horas.
As "professoras, coitadinhas…ficaram…na esplanada, a falar mal dos colegas, do sistema que lhes permite com uma dúzia de anos a trabalhar estarem à porta de casa, o mesmo sistema que empurra os PROFESSORES, com 32 anos de serviço efectivo, para centenas de quilómetros de distância das suas casas.
Ao menos se falassem mais baixinho…
Estive quase quase…para lhes pagar a despesa…mas temi que nem se apercebessem, tal era o notório desequilíbrio intelectual. E riam riam riam…ninguém diria que estavam tão… sofredoras.
Perdoai-me PROFESSORES este desabafo.
Eu sei, que infelizmente sabeis, que são estes e estas, espécimes, que vos tiram a autoridade e a razão que a vossa classe vai perdendo.
Cabe-vos a vós e a toda a sociedade, separar o trigo do joio.
Precisamos urgentemente, como de pão para a boca, saber que não sois corporativistas.
Já é tarde…mas apetecia-me ir ver se ainda estavam na esplanada…a outra de que eu estava a falar…AINDA NÃO CHEGOU!
Bragança, Outubro de 2011
Sim, é verdade... mas se o contares por aí ninguém acredita.
ResponderEliminarUm abraço.
Contei-o por aqui...onde, muitos, uns milhares, vão lendo e, espero que, pensando em como exorcizar esta maleita...
ResponderEliminarAbraço meu irmão.
Partilhei no meu Facebook para que mais alguns possam ler.
ResponderEliminarTens uns filhos maravilhosos uma esposa fantástica e isso ninguém te pode tirar.
Força querido irmão.
Estou contigo companheiro, e olha que essa SENHORA que sai de casa cedo eu testemunho e confirmo, que não anda pelas esplanadas a mandar bitaites, está aqui bem pertinho da minha maison a trabucar.
ResponderEliminarQuanto às ditas Doctoras se as encontrares novamente diz-lhe se não podem deixar o lugar para a minha FILIPA que bem precisa, pois qualquer dia reforma-se só com umas horitas e porque existem essas coisas de Actividades de Enriquecimento curricular.
Mas olha a culpa é minha porque se o TELHEIRO não tivesse fechado estávamos a falar das Águias,chouriças enfim o belo e artístico.
Já me esquecia... Trata dessa surdez..
Um Abraço
Victor Pereira
.
ehehheheh.
ResponderEliminarBoas Companheiro de Luta.
Há quanto tempo que não te dou um abraço...
Fiquei radiante por te ver aqui neste nosso espaço.
Cumprimentos para a D.ª Beta, Edgar e Filipa e para Ti, um grande abraço.
Grato por testemunhares a diferença entre os PROFESSORES...e os outros...
A FILIPA que tenha calma e paciência que "as coisas" têm, forçosamente, que mudar um dia.
Abraço Companheiro