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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

A montra da ilusão

 Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)


Viu-se menina, num mundo imaginário, 
onde todas as formas tinham cor.
Mas a vida, é somente uma maneira frágil de existirmos. 
E os sonhos, o nosso coração à deriva a espreitar 
desejos esquecidos pelo mundo…

A montra da ilusão
encantou os olhos da menina!

A boneca de cera que sorria
derreteu-se nos olhos da menina,
o comboio de papel que corria
fugiu dos olhos da menina,
o cavalo de madeira que galopava
perdeu-se nos olhos da menina,
o vestido de cristais que brilhava
apagou-se nos olhos da menina.
E a menina, olhou os sorrisos de outras crianças
que levaram a sua montra da ilusão perdida.
E olhou as suas mãos
cheias de vazio e de nada…
E gritou:
“Ninguém quis oferecer-me
os meus sonhos de menina!”

A montra da ilusão
encantou os olhos da mocinha!

O livro de História que se abria
fechou-se nos olhos da mocinha,
a casa da aldeia que habitava
longe ficou dos olhos da mocinha,
a terra onde nasceu e onde morava
afogou-se no mar dos olhos da mocinha.
E a mocinha, olhou outras raparigas
que viviam dentro da sua montra da ilusão.
E olhou em seu redor
para o silêncio amargurado…
E falou:
“Ninguém soube oferecer-me
os meus sonhos de mocinha.”

A montra da ilusão
encantou os olhos da mulher!

O país onde feliz ela sonhava
explodiu nos olhos da mulher,
o sorriso dos pais que adorava
morreu nos olhos da mulher,
a luz da madrugada que se avizinhava
escureceu nos olhos da mulher,
os ideais para os filhos que tanto amava
saltaram dos olhos da mulher.
E a mulher, olhou o céu sagrado por cima de si,
com duas lágrimas de sal e poeira.
Desaparecera a sua montra da ilusão.
E apenas murmurou:
“Ninguém conseguiu viver
os meus sonhos de mulher...”


Paula Freire - Psicologia de formação, fotografia e arte de coração. Com o pensamento no papel, segue as palavras de Alberto Caeiro, 'a espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias'.

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