Lobo (Canis lupus). Foto: Marcel Langthim/Pixabay |
Num artigo publicado esta terça-feira na revista científica Ecology and Evolution, a equipa de quatro investigadores explica que as experiências foram realizadas com lobos e com cães que tinham 23 meses de idade e que tinham sido criados por humanos em instalações da Universidade de Estocolmo, todos com as mesmas condições.
O objectivo da equipa foi perceber se apenas os cães (Canis familiaris) têm a capacidade de formar laços de afecto com humanos, que teria assim sido adquirida após a domesticação desses animais, ocorrida há 15.000 a 40.000 atrás. Ou se, pelo contrário, esse traço genético já existiria nos antecessores dos quais descendem também os lobos-cinzentos (Canis lupus).
Para isso, os investigadores realizaram diversos testes em que cada animal era colocado numa sala onde entravam e saíam pessoas familiares e desconhecidas, criando uma situação de stress, para observar se tanto cães como lobos distinguiam entre os dois grupos de pessoas.
“Foi exactamente isso que vimos”, afirma Christina Hansen Wheat, autora principal do artigo, citada numa nota de imprensa publicada pela universidade sueca. “Foi muito claro que os lobos, tal como os cães, preferiam as pessoas familiares face às estranhas”.
Christina Hansen Wheat e o jovem lobo Lemmy, um dos participantes nos testes. Photo: Peter Kaut |
Ainda assim, o que foi mais interessante, sublinha a cientista, foi que ao contrário dos cães, os lobos mostraram que estavam em stress e a ser afectados pela situação, pois caminhavam pela sala de teste. “O mais notável foi que quando uma pessoa familiar que os lobos conheciam desde sempre entrava na sala, o comportamento de stress parava, indicando que essa pessoa actuava como um amortecedor de stress social para os animais.”
“Não acredito que isso tenha sido alguma vez mostrado em relação aos lobos e isto confirma a existência de laços fortes entre os animais e a pessoa que lhes é familiar”, nota a mesma responsável.
A investigadora acredita que isso pode estar ligado ao comportamento actual dos cães, até porque “os lobos que mostravam sinais de afecto para com humanos poderão ter tido uma vantagem selectiva, por serem preferidos durante os primeiros tempos de domesticação”.
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