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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O caçador e a moura

Local: Mirandela, BRAGANÇA

Contam ainda hoje alguns dos moradores mais antigos de Ferreira, concelho de Mirandela, que numa ocasião andava um homem à caça no monte do Serro, o lugar mais alto da aldeia, quando foi beber água a uma fonte e encontrou lá uma menina sentada, a pentear-se com um pente de ouro. 

    A menina, que era uma moura, falou com o caçador, dizendo-lhe que estava ali há muitos anos encantada e que o seu encanto só seria quebrado por alguém que fosse muito corajoso e fizesse como ela pedisse. E que, se conseguisse desencantá-la, ficaria muito rico, ele e toda a família até à quinta geração. 
    O caçador, que se achava um homem corajoso, aceitou. Ela então disse-lhe: 
    — Primeiro venho transformada num sapo e subo até à tua boca para te dar um beijo. Depois venho transformada numa cobra, subo por ti acima e também te dou um beijo. E depois venho transformada num touro bravo e faço-te igual. Mas não podes ter medo nem fugir. Já sabes que serei sempre eu. E não te faço mal. 
    A moura disse-lhe a noite em que teria de lá ir, e ele compareceu. Apareceu-lhe então um sapo muito feio, que lhe saltou para a cara dando-lhe um beijo na boca. E de repente o sapo transformou-se na linda princesa. Toda contente disse-lhe: 
    — Vês como não custou nada? Agora voltarei feita numa cobra, por favor não tenhas medo. 
    Apareceu-lhe então uma cobra a assobiar, subindo por ele acima. Deu-lhe também um beijo e ele aguentou. E mal o beijou, a cobra também se transformou em princesa, sorridente, e toda animada com a coragem do homem. A seguir era a vez do touro bravo. Ele então lá veio, todo enraivecido, fazendo tanta poeira com as patas, abanando a cabeça e a cornadura, espumando pela boca, que o homem ficou de tal modo assustado que desatou a fugir. 
    Apareceu-lhe então a princesa, muito zangada, dizendo-lhe: 
    — Maldito sejas tu e toda a tua família, pois dobraste-me o encanto. Serás um desgraçado até ao fim dos teus dias assim como toda a tua geração. 
    E dizem que assim aconteceu, O homem morreu pobre e a família levou o mesmo caminho. Quanto à moura, lá está encantada à espera que o tempo do encanto passe, e alguém, mais corajoso, lá vá quebrar-lho. Ainda hoje muitos têm medo de se aproximar desse lugar.

Fonte:PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.276

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