Esta decisão foi considerada, em Conselho de Ministros, indispensável para que fosse implementado o Plano de Mobilidade previsto para o Tua. O presidente do Movimento Cívico pela Linha do Tua considera que o povo vai perder o “direito de reclamar”, caso o dito Plano de Mobilidade não satisfaça as necessidades das populações.
“O povo perde o direito à reclamação, expondo de uma maneira muito prática e breve.
A Linha do Tua, neste momento, vai passar a pertencer à Douro Azul, do empresário Mário Ferreira, que quer explorá-la. O que vai acontecer é, se a empresa assim o entender, a linha passa a ter uma utilização única e exclusivamente turística, que até pode ser sazonal.
Ou seja, os habitantes que ainda hoje são servidos pelo Metro de Mirandela, por exemplo, nas aldeias de Frechas, Cachão e em Carvalhais, e os estudantes da região, se a empresa Douro Azul assim o entender, e vir que só obtém rentabilidade através da oferta turística sazonal, deixa de prestar o serviço. E nós, o povo, não temos, sequer, a quem reclamar. Não temos a quem dizer “precisamos aqui do comboio”, de algo que é nosso, é público, e que pagamos por anos com os nossos impostos. Perdemos esse direito, por a Linha do Tua foi vendida e desclassificada. A situação é grave, e é uma machadada que não é correta para com a região. O desenvolvimento não passa por aqui”, refere.
Filipe Esperança diz ainda que a situação do metro de superfície, que percorre ainda 16km da linha centenária, pode ficar comprometida.
“Não sabemos em que ponto fica o Metro de Mirandela. Até à data, ainda não se pronunciaram sobre isso. Sabemos que o Metro existir graças a um pequeno subsídio assegurado pelo Estado. Agora não sabemos como vai ficar até que o Plano de Mobilidade entre em ação. É preocupante esta situação, para aqueles que estão dependentes deste transporte”, frisa.
Filipe Esperança repudia de igual modo adjetivos como “inútil” e “insustentável”, que foram usados no documento que emanou do Governo. Na sua opinião, a linha ferroviária sempre foi “mal gerida pela CP”, com “manipulação de horários e “faltas de manutenção” constantes, o que tornou aquela via obsoleta.
O representante do movimento defende ainda que poderia acontecer ao Tua aquilo que aconteceu “a parte da Linha do Douro”.
O Movimento Cívico pela Linha do Tua promete manter “a vontade de lutar e de recordar aquilo que o comboio deu à região” e por isso, as iniciativas para exaltar os 129 anos de história da Linha do Tua vão continuar, nomeadamente o mais conhecido o Entrar na Linha, que vai para o quarto ano.
Escrito por Rádio Onda Livre (CIR)
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