Estamos em pleno verão, vivendo com gosto, agitação e intensidade, Agosto. Ou não fosse o mês das férias e festas. As nossas aldeias ganham uma outra vida, uma outra “alma”, respirando-se um outro ar e o ambiente social promove um outro olhar. Mais alegre e divertido mas, sobretudo, mais interativo.
Agosto pode ser considerado mês do Encontro, do Reencontro, das Festas e das Romarias da Comunhão e da Interação das pessoas, das gerações. A mobilidade humana, intensifica-se, temporariamente, com o regresso às origens rurais, o sentir o cheiro das hortas, o odor das vacas, o cantar o galo, a alegria nas casas que, ao longo do ano, ficaram sem vida.
Ora toda esta conjuntura social e cultural, potencia a organização de eventos festivos, particulares e coletivos, promove o envolvimento, abre os corações renovando amizades, matando-se saudades.
E, neste contexto, não podemos deixar de valorizar as FESTAS, as nossas festas, que acontecem nas aldeias, potenciadoras de inúmeras ideias, de singulares energias e muitas canseiras. Mas tudo é ensaiado, realizado, sustentado na alegria da unidade, no assumir responsabilidades perante a comunidade, num exercício de cidadania em que a solidariedade, a espontaneidade, o encontro e o reencontro, acontecem com facilidade. Não esquecendo, mas tendo até como referência, as ações participativas, alegres e felizes, nas celebrações religiosas que nos prendem e nos mobilizam, convergentemente, com a nossa gente, respeitando-se a tradição, com alma e coração. As comunidades tornam-se, assim, mais abertas, participativas e felizes. Ou seja, as pessoas conhecem-se melhor, exercem os seus deveres comunitários imbuídas de atitude mais aberta, tolerante e colaborante.
Nestas vivências de cidadania ativa, criativa e positiva, sobressaem aspetos relacionais interessantes que, vivendo-se agora, permitem reviver e recordar o que foi vivido e sentido muito antes. Estou a referir-me, naturalmente, aos encontros que acontecem, aos reencontros que nos alegram, emocional e socialmente nos favorecem. De amigos que não vemos durante o ano, ou de outros de quem até não tínhamos qualquer notícia ou referencia há muitos anos. Isso torna-nos mais conscientes da vida, da importância das pessoas, do não esquecer aqueles com quem partilhamos a nossa meninice, a nossa vida na escola primária.
E aqui não posso deixar de recordar os vários encontros que tenho mantido neste mês de Agosto, com amigos que não vejo ao longo do ano, com os meus contemporâneos rurais, da escola, do liceu, de curso!... Mas o que mais me alegrou foi aquele reencontro com um amigo de criança, com quem partilhei tantas brincadeiras na escola e fora dela, criado, com muitas dificuldades, por uma tia, que tinhas vários filhos, pela avó materna, que tinha vários netos. Partiu para França, com a família, sem pai nem mãe, há cerca de cinquenta anos. Deixou a aldeia que o viu nascer. Nunca mais o tinha visto. Imagino quantas dificuldades terá passado na vida. Não o reconheci. O Aventino. Mas também não consigo descrever a alegria, como não consegui conter a emoção quando o identifiquei e abracei. E se nunca me esqueci de um dos companheiros de meninice, jamais me irei esquecer deste reencontro. As festas da aldeia também têm destas coisas!...
Nuno Pires
in:mdb.pt
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A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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