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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

OS PROFESSORES SÓ PRECISAM DE RESPEITO

Tempos houve em que havia professores com estatuto de escravos, naturalmente numa condição diferente da escravatura pura e dura dos serviçais ou dos remadores das galés romanas.
Desempenhavam função fundamental nalgumas famílias da velha Grécia, preparando futuros cidadãos para o exercício das actividades na Polis, onde se atingiram patamares civilizacionais, inspiradores do melhor que se vai realizando hoje, num tempo de inesperadas inquietações e perplexidades.
Também preparavam caminho para voos mais altos, em escolas lideradas por vultos da cultura, da filosofia, da sabedoria. Ainda celebramos a memória da Academia de Platão ou do Liceu, de Aristóteles.
Aí se desenvolveu o modelo da função do professor: um pensador dedicado à observação racionalmente conduzida do mundo e do homem, à visão prospectiva de devir, partilhada com os discípulos, que levariam o testemunho até ao futuro.
Nobre e empolgante tarefa era essa, que os fundadores das modernas democracias quiseram proporcionar a todos, dando corpo à esperança de que a dignidade, a elevação moral, o sentido ético e a inteligência haveriam de ser os esteios da humanidade. Assim se lançaram sistemas educativos, assumindo responsabilidades históricas de quem encarava o poder político como um verdadeiro amor ao próximo.
Mas, quando se esperava que a ignorância, a boçalidade selvática e o imediatismo predador já fossem só dolorosas memórias, eis que se renovam ameaças de não deixar pedra sobre pedra.
O ataque terá sucesso garantido se lograr desferir golpes certeiros sobre os principais defensores, desgastados, trémulos de desgosto e desilusão, exaustos por tanto esforço inglório, os professores, esses mesmo, que têm visto sonhos de dignidade transformar-se em pesadelos que lhes secam até a vontade de levar o barco a porto de abrigo, enquanto os ventos não serenam.
Apesar da percepção quotidiana das turbas distraídas, o que levou algumas vezes os professores para a rua não foram questões de salário, de reivindicação de retroactivos, de progressão «à balda» numa carreira desvirtuada por decisões espúrias de eleitoralismo insano, que contribuíram para o descalabro financeiro do sector educativo e do país em geral.
O que os leva a desfilar pelas avenidas da Lisboa do novo riquismo bacoco, provinciano e ridículo é a falta de respeito por quem tem dado contributos inestimáveis para que o país ainda não tenha mergulhado no caos.
No futuro se verá o resultado, talvez triste, senão trágico da festarola tonta da ridicularização dos professores, iniciada há uma década por um governo liderado por novíssimo tartufo, que há-de ser mote de universal chacota nos próximos séculos.
O prestígio da escola é indissociável da dignificação dos professores, da sua autonomia como promotores do saber, da sua condição de referências para as gerações que acompanham. Fazendo deles burocratas mal pagos, que se limitam a dar legitimidade formal à passagem pelo sistema educativo, não se pode esperar que o país vá além da famosa modorra entediante, que tem alimentado a crónica satírica e nos deixa a todos com um sorriso amarelo.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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